sexta-feira, 29 de abril de 2011

Ser Mestre? O mestre pergunta.



Então um dia você se torna mestre e descobre outros como a ti, e na beleza da diferença vê a si mesmo como uma antinomia da realidade dispersa, a disparidade marginal no espelho imediato.

Se você se tornou mestre, certamente foi por alguma razão, você investiu para subir esse degrau na escada dos títulos. Perseguiu uma capacidade com objetivo, já que é uma faculdade inerente a todos.

Mas o agente que certifica o título de mestre não é o mesmo para o estudante de um mestrado e um educando do progresso, esse agente é o valor que você deposita na importância em se impor para ser ou ser sem se impor.

Ninguém está mestre 24 horas por dia, mas alguém lhe faz mestre nos momentos solicitados.

Você quer ser mestre?

Se for para ter o produto adjacente do seu trabalho, então você não escolheu o melhor caminho.

Se for para ver resultados fantásticos, desista.


Saiba que este é um trabalho demorado, que exige paciência, e a arte final parece não ter fim.

A arte final do seu trabalho só encontrará o fim quando valer a pena começar outra vez.

Se for para ter recompensas grandiosas, saiba que as vezes a sua recompensa é a consciência de ter cumprido bem o seu dever, que necessitou de ti, alma lavada, sensação serena como as águas sem agitação.

Quem faz bem o seu papel, não necessita se justificar, não precisa contrastar com certidões virtuais, quiméricas, nem encher uma instituição com argumentos criados na intenção de convencer até mesmo os inconvencíveis.

O mestre não quer seguidores, o mestre ensina o outro a pensar por si, um mestre faz do outro, mestre, e ambos são livres.

Se for para obter um grande sucesso, esteja certo, ele não está nas grandes manchetes, não está nas grandes instituições, nem nas grandes bocas que gritam desesperadamente para impor seu reconhecimento.

O mestre não nasce mestre, o mestre é um insight luminoso que se manifesta ‘vivo’ quando a caravela está pronta pra navegar, se faz presente em ti, um espírito ígneo das divinas águas atuantes dos momentos inesperados. Este é Um entre outros, momento em que alguém lá do outro mundo quer dar um conselho que você sozinho não poderia dar, a alguém.

Eu sozinho não sou o mestre, mas esse bom daimon age através de mim, fazendo-me Um com ele é que posso ser mestre, pois a atuação do mestre exige uma dicotomia. Ninguém pode ensinar algo a si mesmo. Sempre haverá dois personagens, um fazendo o papel do transmissor, e o outro o papel do receptor, professor e aluno, adulto e criança, ativo e passivo, dia e noite, daimon e Sócrates,etc.

O sucesso em ser mestre não está nos apontamentos e desapontamentos, mas na satisfação de ter ajudado alguém a ser mais....que pode oferecer mais de si mesmo. O mestre vem a ser aquele que tem poder de te destruir, mas decide lhe pedir perdão para lhe ensinar a glória da humildade, sendo isto o primeiro exemplo que deveria ter sua atenção no plano alquímico.

Não basta apenas defender uma tese pra poder carregar um título de mestre, pois quem assim o faz estará limitado a ser mestre de um estudo que sempre esteve fora de ti, facultativo a todos, e assim, como ninguém dá o que não tem, esse tipo de mestre de uma disciplina alheia ao seu ser, não pode dar de si mesmo a ninguém mas tão só pode ensinar o mesmo curso da qual deu estimação.

Quem carrega o sangue bruxo transporta o estudo que sempre esteve dentro de ti. Na maturidade ele desperta e se lança no egresso, como na arte final já citada.

Então,

Se você já sentiu a alegria de ter feito alguém feliz e mais feliz;

Se você sorri com a felicidade de alguém;

Se você pode amparar nos momentos certos a quem precisa;

Se com sua saliva curativa você pode lamber as feridas alheias;

Se aqui você pode realizar desejos das pessoas como um deus faz quando lhe é pedido;

Se você não escraviza, mas liberta os meio-indivíduos ao transformá-los em indivíduos íntegros;

Se você vibra com o crescimento alheio;

Se você canta para alguém vibrar;

Se você pode entrar nos sonhos das pessoas;

Se você sabe quem você é e não precisa mostrar isso pra ninguém;

Se você se sente mais “você”, quando alguém se torna mais “eu”;

Então você localizou a razão em ‘estar’ mestre. Porque você encontrou de fato o essencial.

E você terá o sucesso que acontece também no silêncio, e esse é o mais lindo!

O resultado que lá no fundo você sempre soube que existia sem esperar aplausos em troca, que acontecesse enviuvado do amparo.

O resultado que você esperou sorrindo no rosto de alguém, refletindo o rosto de alguém sorrindo.

Porque você vive o júbilo de não ter encontrado razão em ser mestre, mas de ter sido mestre com razão, na ocasião que lhe convida a ser o intermediário entre aquilo que precisa ser instruído X aquele que precisa e pode ouvir.

O sábio é antes de ser um mestre, um educando do progresso que muda sua marginalidade sem perder seu núcleo, por isso ele é mestre e pode educar outros.

Por Sett Ben Qayin


quinta-feira, 14 de abril de 2011

Uma Apreensão dos Tempos Modernos


Na coletividade bruxa, atualmente tem-se dilatado o campo de intervenção do concebo, acolá da sua intervenção tradicional na edificação do ‘ser’, sendo o feiticeiro chamado a intervir nos campos da reprodução hábil, se tratando das artes bruxas comuns ou ponto que fornece um elo entre todas as eras em todos os lugares do mundo sob efeito e foco do que era feito a façanha das bruxas antigas. Naturalmente, um dos seus dons sempre foi e ainda é, o de criar.

As “culturas”, ainda contêm o papel cada vez mais decisivo na preparação e entendimento de concepções a cerca da bruxaria localizada em determinado território, e esta, por sua vez não pode ser propagada para o todo, tão somente se for adaptada ao ponto diverso do original, adequada de forma a não romper com sua alma.

A ciência que estuda, examina e pesquisa, explora e observa, descobre e ensina as artes bruxas (witchcraft), outrora denominada pelas línguas latinas como Bruxaria, pretende abordar e explanar, em que medida, com que processos, e em que circunstâncias, as Artes Bruxas, concorreram para a formação do que ela é entendida hoje, ao se moldarem pelas ideologias de sábios e sistemas culturais retirados de sociedades antigas, dos quais seus segredos foram re-interpretados ou não em tempos modernos, (tendo particular atenção ao caso do exoterismo), que é notório e confabula muito para a criação de artigos sobre o tema, bem como participaram - direta ou indiretamente - nas contradições, nas tensões e nas crises dos diversos momentos da história da bruxaria do século XX, em contrapartida de um legado esotérico e feiticeiro transmitido linearmente de forma hermética nos limiares dos Covines de bruxaria tradicional.

Quem foram os grandes ocultistas que desde o século XI, deixaram um legado sobre magia, cujo material ainda hoje pode servir de estudo e aplicação, mas que são menosprezados por alguns bruxos pelo simples fato de desconhecerem o fator tradicional em magia? Isso é coisa para se buscar e refletir, pois esses desconhecidos famosos foram os verdadeiros bruxos em sua época. Quais foram as escolas ou teorias que deram vazão ao bom emprego das pesquisas feitas por esses ocultistas? De onde vieram suas idéias sobre magia? Aquilo que a igreja chamou de bruxaria ainda é a mesma coisa nos dias atuais?

O termo ‘Bruxaria’ vem somente designar aquilo que a bruxa faz, sim, bruxas fazem bruxarias, mas não alcança a definição de ‘o que é a bruxa’ realmente, também não deixa claro de onde elas retiram seu poder, de onde veio o seu dom e legado, muito menos dá os limites de atuação de uma bruxa, e alguns mentores propõem cultos neo-pagãos e atribuem a isso o termo bruxaria, edificando o culto como sendo tradicional. Mas será que as bruxas incluíam um culto verdadeiramente religioso em suas práticas? Será que as bruxas que não faz culto não tem poder?

Se formos estudar as diversas expressões das artes bruxas, veremos que há muito mais do que se possa imaginar. 

Costuma-se referir na história das artes bruxas mais tradicionais, a imagem e transformação, o entalhe, a modelagem e o uso de raízes e certas plantas, o ofício dos ferreiros e a arquitetura do ser com sua forja desnudada pelo fogo feiticeiro e seus poderes atraídos para residir tal escultura imortal, os atributos dos dons congênitos guardados na alma, ganhados em vidas anteriores e seus usos principalmente nas horas de emergência. Dos estudos mais elementares aos mais altos estudos, são esses os legados de uma bruxaria evidentemente tradicional, pois tudo interessa à bruxaria, sem nos esquecermos de, no que tange a mão verde da bruxa, foi Paracelso quem legou ao mundo a teoria das assinaturas. Portanto se você é um bruxo que trabalha muito bem com as plantas, obrigatoriamente você estudou a botânica oculta de Paracelso.

É muito comum alguém chamar a arte rupestre para fundamentar sua vertente de bruxaria pagã. Mas será que a arte rupestre sozinha é suficiente para ser a dona de uma sabedoria eterna, ou foi a partir dessa arte que se desenvolveu uma percepção da fé?



A arte rupestre foi a primeira demonstração de arte que se tem notícia na história humana. Seus vestígios datam de antes do desenvolvimento das grandes civilizações e tribos, como as do Antigo Egito. Esse tipo de arte era caracterizado por ser feito com materiais como terra vermelha, carvão, e pigmentos amarelos (retirados também da terra). Os desenhos eram realizados em peles de animais, cascas de árvores, e, principalmente, em paredes de cavernas. Retratavam animais, pessoas, e até sinais. Havia cenas de caçadas, de espécies extintas, e em diferentes regiões. Apesar dos desenvolvimentos primitivos, podem-se distinguir diferentes estilos, como pontilhado (o contorno das figuras formado por pontos espaçados) ou de contorno contínuo (com uma linha contínua marcando o contorno das figuras). Apesar de serem vistas como mal-feitas e não-civilizadas, as figuras podem ser consideradas um exemplo de sofisticação e inovação para os recursos na época. Não existem muitos exemplos de arte-rupestre preservada, mas com certeza o mais famoso deles é o das cavernas de Lascaux, na França.

As características da arte na pré-história podem ser inferidas a partir dos povos que viveram nela, por exemplo, os aborígenes, os índios. Na pré-história, a arte não era algo que pudesse ser separada das outras esferas da vida. Ela não se separava dos mitos, da economia, da política, e essas atividades também não eram separadas entre si. 

Todas essas esferas formavam um todo em que tudo tinha que ser arte, ter uma estética, porque nada era puramente utilitário, como são hoje um cajado, caldeirão ou uma urna eleitoral. Tudo era ao mesmo tempo mítico, político, econômico e estético. E todos participavam nessas coisas. Isso foi a conhecida era pagã. Uma era cujos costumes tradicionais não se aplica nos dias atuais.

A arte como uma palavra que designa uma esfera separada de todo o resto só surgiu quando surgiram as castas, classes e Estados, isto é, quando todas aquelas esferas da vida se tornaram especializações de determinadas pessoas: o governante com a política, os caipiras com a economia, os sacerdotes com a religião e os artesãos com a arte. Só aí é que surge a arte "pura", separada do resto da vida, e a palavra que a designa.

Mas antes do renascimento, os artesãos eram muito ligados à economia, muitos eram mercadores e é daí que vem a palavra "artesanato". Então a arte ainda era raramente separável da economia (embora na Grécia antiga, a arte tenha chegado a ter uma relativa autonomia), por isso, a palavra "arte" era sinônimo de "técnica", ou seja, "produzir alguma coisa" num contexto bem-educado, para não dizer urbano. No renascimento, alguns artesãos foram sustentados por nobres, os mecenas (os Médici, por exemplo), apenas para que produzissem arte, uma arte realmente "pura". Surgiu então a arte como a arte que conhecemos hoje, assim como a categoria daqueles que passaram a ser chamados de "artistas", e com a Arte Bruxa (Arte Sábia) não foi diferente, mas vemos bruxos urbanos pregarem uma arte bruxa pautada em paganismo, totalmente falida, uma vez que a arte bruxa pode ter tido seu berço nos anais da pré-história, mas é fato consumado que sua aplicação se dá nos dias atuais, em todos os locais civilizados ou não, por meio de tradição linear, e obviamente as mais antigas são as mais clássicas.

Ao abordarmos a questão da bruxaria, teremos que decidir de imediato, tão claramente quanto é possível, de que bruxaria pretende-se tratar, pois se versa uma arte-sábia multifacetada, fluída e subdividida em versículos e versões de cada local, cultura, país, região e família.

Um ponto que não compreendemos nem lidamos de uma forma abrangente, não pode se tornar matéria de uma revisão dos fenômenos das bruxas, invocado em apoio de suas teorias, qual permitiu a sua realidade, interpretar de forma totalmente diferente, nem tão pouco poderíamos falar de uma linguagem que poucos compreenderão, e dizer que nunca haverá luz demasiadamente difusa para dissipar a fumaça da ‘estrela sombria’.

Observamos desempenho em exercer e se mostrar nesse papel de bruxa, enquanto o que deveria haver é aquilo que se traduz como a natureza interior, em que há uma real questão de qualificação no sentido expresso do termo ‘bruxa’, um acesso deste termo em condições normais em que essa qualificação deve ser exigida para o verdadeiro exercício da profissão/ofício em que a bruxa surgiu.

Nisso não há nada de excepcional, e nesse sentido, temos uma infinidade de provas consistentes, em que nos muitos países existiu e ainda existe uma espécie de exclusão parcial de comunidade, especialmente com relação ao ofício do ferreiro, freqüentemente associado com a prática de uma magia inferior e perigosa, eventualmente adjunta na maioria dos casos, com a feitiçaria pura e simplesmente.

O que nos preocupa, é a obstinação com a qual os modernos movimentos revivalistas da arte bruxa se empenharam para exumar os restos mortais de outras eras e civilizações, algumas relíquias que, se tornam incapazes para a compreensão e realidade, uma vez que se trata de um sintoma bastante confuso e apaixonado, próprio da natureza das influencias sutis que permanecem ligada aos restos mortais, sem que os investigadores suspeitem, são sacados assim alguma luz que é tomada como verdade e liberada na exumação desse artifício, e então, você pode chamar a isto de ‘encorajar’ uma maneira de olhar, não entendendo esta palavra mais que uma declaração que está no ‘humor’ desses elementos, assim, vemos que esse ‘animismo’, se opõe diretamente ao mecanismo, como a própria aparência se opõe a realidade, contudo, isso é o oposto de ‘evolucionista’, e essa concepção é comum a todas as doutrinas tradicionais.

A bruxaria parece ser, em última análise, toda e quaisquer influência espiritual que se contata no mundo material, e as fórmulas tradicionais se encontram muito bem guardadas.

Por Sett Ben Qayin


terça-feira, 12 de abril de 2011

Bruxaria Tradicional - Daniel Schulke



"A Hereditariedade Espiritual do Anjo Brilhante, chamada por alguns de 'Sangue-Bruxo' e por outros de 'Filhos e Filhas da Luz', é a sensibilidade para a interação livre com o Mundo dos Espíritos, chamada de Bruxaria. A fonte oculta do Jardim do Prazer flui com o sangue das fadas e nutre seu Poder; quando se invoca os Guardiões do Éden da Meia-Noite, os carrilhões desta Santa Hereditariedade ecoam dentro da Bússola do Tempo, e a Luz é trazida à tona do Primeiro Momento de Iluminação".

Viridarium Umbris
Daniel Schulke - Magister Cultus Sabbati

sábado, 9 de abril de 2011

O Feiticeiro Perfeito

do chamado aos ossos de ouro dos lupinos 

A feitiçaria de superfície é analogia; a feitiçaria de profundidade, a sintonia.

Em outras palavras, atrás dos falsos segredos das doutrinas (falsos, porque sempre ou quase sempre se acaba por conhecê-los) encontra-se um dos verdadeiros mistérios do Ser, mas não o único, dando-se a simbiose entre a caveira arrazoada e os ossos lineares, a equivalência simbólica da parte e do todo.

A melhor prova disso é a concepção bruxa do Feiticeiro Perfeito. As feitiçarias não estão de acordo sobre a natureza e a origem do homem; entretanto, um consenso intervém quando a questão é a de descrever o modelo humano, o homem transformado, espelho da feitiçaria fidedigna, assim como espelho do mundo sábio.


A noção de Feiticeiro Perfeito não parece existir em algumas vertentes feiticeiras. Entretanto, é curioso perceber as semelhanças que ligam as diversas concepções do Feiticeiro nas diferentes artes ocultas, e a concepção da própria palavra.


O Feiticeiro Tradicional, de ossos dourados, verá ai alguma concordância, contudo, os bruxos re-interpretadores da arte se contentarão em assinalar que essa noção de feitiçaria faz uma síntese dos invariantes, porque ele é concebido pela imanência, não como microcosmo. Encontra-se a noção de Feiticeiro completo nas culturas bruxas mais aprofundadas, amparado por mitos clássicos como o Filho do Homem (Ben Adam) da tradição Judaica, o Homem Acabado (Al-insân al-kâmil) do sufismo, o Homem Espiritual (Cheng-jen) do Taoísmo, o Grande Homem (Megas Anthrôpos) do gnosticismo, o Homem Realmente Homem (Ontôs Anthrôpos) do hermetismo, o Grande Homem (Mahâpurusa) do budismo, o Homem Transcendente de Guénon, o Homem Perfeito (Anthrôpos teleios) da tradição Platônica, todos, com aspectos feiticeiros para modificação interna e externa.

Não existe aí um ecletismo à maneira bruxa, porque a definição para o qual induz um trabalho sério por via desses termos não é muito diferente de uma feitiçaria a outra, de um bruxo a outro; além do mais, a noção é bastante definida, a ponto de ela se distinguir nitidamente de noções próximas, como as do Feiticeiro Primordial, do Feiticeiro Verdadeiro, da feitiçaria atemporal que engloba todos os universos. Voltando ao que importa, é necessário notar que o Feiticeiro é completo porque não é mais um microcosmo em poder, mas um microcosmo em ação. Ele é apresentado pelos bruxos tradicionais como o resumo realizado e a síntese ativa do mundo: "O Feiticeiro Perfeito é a reunião de todos os mundos divinos e naturais. A alma mundi é a essência do grande feiticeiro, assim como a alma racional é a essência do bruxo. “Por todo o mundo é difundida a crença primitiva de que, a alma se separa do corpo durante o sono e só volta à ele no momento do despertar. Essa crença implica no reflexo das tribulações da alma fora do corpo, um mundo paralelo que pode trazer a doença e até a morte ao ‘sonhador’”. 


Ele é sintonia. Ele cumpre inteiramente as possibilidades do ser e as correspondências entre o seu interior e o mundo exterior. Ele é puro conhecimento e pura satisfação. E isso é um assunto um milhão de vezes tradicional.

Por Sett Ben Qayin 



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A obra O que é tradicional para a bruxaria hereditária? foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não-Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada.

O que é Tradicional para a Bruxaria Hereditária?


Em relação ao que é sadio em tradicional, referente à tradição, testemunhamos as pessoas alongando-se em sua confusão como uma capa.

Senão vejamos:


Analisando o termo Tradição, que significa literalmente transmissão (do latim: traditio, tradere = entregar), retrocedemos ao grego, em sua acepção religiosa do termo, a expressão é paradosis (παραδοσις).

Até mesmo no Direito há uma expressão em latim que diz: “Dominia rerum traditionibus transferuntu!”, que significa: “o domínio das coisas se transfere com a tradição!

Na arte dos sábios, tradição mais precisamente é uma transmissão oral ou não, de folclores, narrativas, conhecimentos peculiares e de valores espirituais a que se doutrina uma fé familiar do qual uma geração de bruxos entrega à outra.


Como é sabido dentro dos meios Tradicionais da Arte, as lendas, contos populares e superstições guardam resquícios de costumes mágicos antigos. Para ler mais sobre Arte, lendas e contos bruxos, acesse o artigo "Sapos e Bruxas: O Sapo como Agente Mágico no Folclore e Costumes da Bruxaria Tradicional", no link: Bruxaria Tradicional

Trata-se da crença de uma casta de sábios, cujo totem abre o compasso para os pés do sangue feiticeiro, algo que é seguido conservadoramente e com respeito através das gerações. Uma recordação, memória ou costume entre os parentes, também é o conhecimento ou prática proveniente da transmissão oral ou de hábitos inveterados.


A tradição e sua presença na sociedade baseiam-se em dois pressupostos antropológicos:


a) as pessoas são mortais, o espírito é eterno (ver metempsicose);


b) a necessidade de haver um nexo de conhecimento entre as gerações.


Tem-se por tradição no sentido amplo tudo aquilo que uma geração herda das suas precedentes e lega às seguintes.
Os aspectos específicos da tradição devem ser vistos em seus contextos próprios: tradição cultural, tradição religiosa, tradição familiar e outras formas de perenizar conceitos, experiências e práticas entre os povos, entre os iguais, entre as proles, mas essencialmente considerar a soma da tradição helenística de astrologia sobre todos os aspectos, inclusive a precessão das estrelas. (ver Yavanajataka), haja vista que sem astrologia e sem folclore não se tem bruxaria.


No campo beatificado da bruxaria é onde mais se aplica este conceito. A tradição toma feições mais peculiares em cada crença. Pode-se destacar a presença da tradição nos grandes grupos religiosos: Judaísmo, Cristianismo, Islamismo, Hinduísmo, todas as culturas com mais de 2.000 anos de tradição linear, portanto, tradicional, e nas pequenas guildas como as da Arte Feiticeira em seus derivados flancos tradicionais.


Como já o afirmou o Educador Sett, nota-se que a tradição do povo bruxo não se limita ao paganismo e vai para além da ortodoxia católica e cristã. A tradição Católica de adorar e orar aos santos diante das suas imagens foi dogmatizada a partir do século VIII, e é uma continuação de tradição do povo em adorar velhos deuses nas expressões dos novos santos. Entretanto o papa João XXIII tentou acabar com as imagens dentro dos templos assim como com as procissões. Contudo a TRADIÇÃO acabou por ser mais forte, e as práticas heréticas persistiram.

Analisando o termo Tradicional que significa literalmente alimentar o imo incomum desde que seu nascedouro possa chegar intacto e acrescido a quem deve receber perpendicular ou não. Em praticamente todas as Artes Feiticeiras o conservadorismo (sinônimo de tradicionalismo) possui um eixo do Esoterismo transmitido entre iguais, do Ocultismo Egrégio, de uma Prática Clássica, o que é comum nas Antigas Escolas de Mistérios, aquilo que é conservado no seio da fé bruxa como ‘visão de mundo dourado’, no âmago. Toda tradição tende a ser tradicional, todavia os conteúdos habituais só geram a mesma tradição (tradição como sinônimo de entrega) àqueles de sangue bruxo.

A tradição existe para ser confessada aos iguais. Ainda que os iguais deixem de existir um dia, encerrando o ciclo de ‘entrega’, a Arte não se finda, mas toma outra feição, uma vez que possui vida própria, contudo deixa de ser tradicional. Um exemplo clássico disso foi a extinção do povo celta.


Por trás de cada simbologia está uma mensagem, por trás da mensagem está um mistério, e há que existir alguém de sua mesma natureza para lhe entregar as chaves. O trabalho feiticeiro é o da modificação que revolve um ser através de gnose feiticeira, e isso não se localiza evidentemente, pois não é de monetizo notório. A ciência esotérica do Ocultismo Oriental pôde ser acomodada no Ocidente devido a transculturação, mas não em sua integralidade, e a prática de feitiçaria defluida sobreviveu naqueles do mesmo sangue imaterial.

Tradição também é entrega dessa fluidez, ao passo em que os sábios mantiveram e ainda mantêm em segredo seus mistérios mais complexos do oculto, práticas e doutrinas feiticeiras advindas para o ocaso do sol asiático, deixando notório um rastro de exoterismo evidente para se fazer conhecer por aqueles que tomam por tradicional um galho exotérico, não-esotérico, quebrado e sem raiz.




Uma prática espiritual é boa se é eficaz para indivíduos concretos, e acho que esse é um critério mais razoável. Certo é que as novas seitas não parecem possuir a mesma qualidade espiritual das fés tradicionais, mas seria temerário induzir grandes conclusões a partir desse fato. Mais interessante seria compreender intuitivamente o que seria essa eficácia. Essa compreensão já seria a própria eficácia de que estamos falando, ou pelo menos uma parte da mesma. É algo muito simples, mas não o compreenderás com a cabeça.


Com isso, convém, sem mais delongas, dar a significação precisa do vocábulo Lupino, usada por nós, fazendo notar que se aplica a uma unidade étnica, tradicional, e civilmente registrado como sobrenome de uma família:
São Lupinos todos aqueles que condescendem à mesma lembrança, sangue e condição, bem visto, ao serem devidamente investidos e qualificados para aceder e transmitir real e efetivamente a nossa tradição, e não de um modo simplesmente exterior e ilusório.


Outro modelo é o caso dos Jainas e também é, ainda em tempos contemporâneos, o dos Sikfos.
É, portanto um verdadeiro contra-senso dizer-se, por exemplo: "jainismo hindu", em vez de jainismo indiano. Eis a grande diferença entre nós, verdadeiros Lupinos, e os que professam um caminho lupino sem linhagem. A estes, lembramos que nós já existíamos antes da autora do Harry Potter criar o personagem Lupin.


O que faz a gravidade de um erro tal, e que constitui aos nossos olhos muito mais do que uma simples inexatidão de detalhe, é que isso evidencia uma profunda falta de conhecimento do caráter mais essencial do costume feiticeiro.
Assim podemos observar a proeminência sob a quebra do tradicional onde expõe aos olhos sábios qual bruxaria que se descreve tradicional mas vulgar, nada mais é que um galho destacado, talvez corrompido, dum tronco antigo e respeitável, que não teve continuação linear por quem se apresenta.


É assim mesmo que é preciso encarar a questão. Comete-se freqüentemente a injustiça de assaltar exclusivamente a Feitiçaria Tradicional e a Hereditária, sem refletir que se está copiosamente criando o produto dum descaminho quando não se possui uma tradição linear. Os primeiros responsáveis por este descaminho, ao que parece, foram os zagais da bruxaria protestante, e seu Conselho, que redigiram e reinterpretaram as compleições da bruxaria tradicional, publicadas em sites europeus e que fizeram desaparecer todos os anosos apontamentos dos quais puderam deitar mão, para que não se percebesse as inovações que eles introduziram, e também por que estes apontamentos continham fórmulas que julgavam muito estorvantes, como o empenho de "fidelidade aos de Sangue Bruxo", sinal incontestável da origem universal da feitiçaria clássica. Esses bruxos protestantes prepararam este trabalho de deformação, aproveitando os quinze anos que decorreram a partir da explosão da Arte Bruxa no ambiente virtual.

Clique no link abaixo para desmistificar o verdadeiro trabalho de ego que as bruxas fazem:


Espero com isso tudo ter elucidado essa questão bastante confusa, não espero quer todos compartilhem dessa mesma idéia comigo, mas aspiro para que todos tenham seus próprios meios de apurar.

Por Sett Lupino



domingo, 3 de abril de 2011

A Bruxaria Lupínica




A denominada Bruxaria Lupínica é uma ocupação da arte hereditária de tradição Lupino, cuja procedência se liga as feiticeiras de Cantanzaro. As bruxas de Cantanzaro foram o berço do conhecimento e introdução de Franchesca Loria, que compartilhou sua arte com sua irmã Mariana. Esta, ao casar-se com S. Lupino no período da imigração italiana ao Brasil, não tinha com quem dividir sua arte e ofício nesse país, e os conservou para sua família, de onde todos os últimos domingos de cada mês se reuniam em sua casa no interior de São Paulo, para a ocasião forte.

          Numa estação onde o ocultismo, a feitiçaria e as ordens mágicas se erguiam, conforme sabemos hoje, ocorrera também com outras bifurcações da bruxaria européia familiar, os praticantes sorveram diversas culturas dos diferentes locais, elementos que agregaram harmonicamente a suas próprias práticas e crenças. Assim, parece que cada família deu sua contribuição pessoal para a edição de sua 'Congrega' de feitiçaria familiar, destarte, não sendo iguais, como nenhuma família é igual à outra.

A ocultação das práticas em congregações familiares tornou-se ainda mais sigiladas e aos poucos formou-se raízes de onde se pode transmitir as cravelhas prestimânicas para alguns amigos íntimos que não guardavam consangüinidade, mas mantinham um elo que transcendia a carne, e dessa forma, a fim de assegurar os segredos foi criado um juramento específico, onde a magistra obtinha sangue, medidas específicas e unhas de seus juramentados. Estes por sua vez formavam os chamados clãs misteriosos. Isso resultou uma inclusão de aderentes ao ofício, uma vez que uma das preocupações dos Comandes de clãs familiares, era a continuação da prole, ainda que as práticas se mostravam distintamente domésticas e o vizinho não tinha acesso aos mistérios e segredos que a família ao lado guardava, poderia levar à decadência da gema de tradição familiar que reduziria o poder do 'sangue mágico' caso a família fosse extinta.

O mito aquiescido ao clã Lupino serve ao casal Etrusco de deuses Lobos do Monte Palatino, o qual possuía uma confraria familiar de sacerdotes, encarregados de celebrar seu culto como Lupercus Faunus, nas Lupercálias (festas agitadas pela fé feiticeira), onde todos os sacerdotes que se intitulavam Lupinos (lobinhos), filhos de Lupercus, usavam máscaras feitas com couro dos lobos e adornavam seus pescoços com uma coleira feita com dentes de lobo, contudo, completamente despidos contornavam o Palatino, todo mês de fevereiro, flagelando com tiras de couro de cabra as mulheres que desejavam se purificar, a fim de serem posteriormente fertilizadas.

O medo de não engravidar era contínuo entre as mulheres, uma vez que deixar descendentes era a premissa que um marido exigia para se constituir uma família, da mesma forma era requisito primordial para que algum homem se interessasse pela mulher fértil.

Este Rito visava provocar a purificação para posteriormente serem fecundadas, ou tornarem-se fecundas. O Lupino mais graduado dentre os Lupinos imolava a cabra e tocavam horizontalmente a testa das pessoas com um punhal ensangüentado e, em seguida limpava-a com um floco de Lã embebido em leite de cabra. Em seguida, eles iniciavam um acesso de riso, traduzindo num rito iniciático e a alegria contagiava a todos.

O sacrifício completava-se com a oferenda de um lobo, cão ou raposa, igualmente imolado e seu sangue era depositado num chifre ritual onde, após consagrado, os sacerdotes molhavam o polegar da mão direita no sangue e o tocava na testa de cada membro que fora purificado, com o intuito de marcá-los “Esse é de Lupercus, ninguém o devora”.

            O santuário de Lupercus ficava numa gruta sagrada, chamada de 'A gruta do Lupercal', nos cumes do Palatino, onde segundo a tradição, este Santuário era dedicado ao Deus Lupercus e sua esposa a Deusa
Lupa, a Loba que amamentou Rômulo e Remo.

O douto dos Lupinos, foi reorganizado por Augusto Lupino, um descendente da Casta de Sacerdotes, no fim do século XIX e restaurou a fonte familiar sagrada da tradição Zana di Lupino.
No Brasil, através da italiana M. L. Lupino, os costumes foram transmitidos pela convivência direta para os "de sangue" o qual os guardava as sete chaves, de tal forma que cada estirpe pudesse dar seu ateie pessoal majorando métodos de esoterismo e feitiçaria utilizados dentro de casa, tornando-se uma memória bruxa, parecida com uma religião doméstica.

Os feiticeiros Lupinos tem preferido desde a 'passagem pra lá do véu', da Matriarca Nona Mariana no inverno de 1989, manter-se no anonimato e não comungavam com o uso de aparecimentos em público, não obstante, hoje se faz necessário que alguns de nós mostrem a cara a fim de desmistificar o que de fato foi e ainda é a bruxaria dos Lupinos, e isso tem sido empenhado pelo nosso Lobo querido Cléber a.k.a. Sett.

A majoração da Tradição Familiar Lupino se subdividiu com o Clã dos Bernardo, também hereditário, onde ouve uma rica troca de conhecimentos, e a partir daí a ciência mágica que antes era conhecida por Tradição Familiar Lupino, passou a ser chamada carinhosamente de Tradição Palatina, como homenagem ao monte Palatino e o serviço ali efetuado. Os iniciados na Tradição Palatina são pessoas da mais alta confiança e sem consangüinidade com os membros hereditários, mas sim - possuem um pacto de almas - uma vez devidamente iniciado nos ritos formais, são bruxos tradicionais.

Hoje, esse ofício se mantém coeso é exercido com responsabilidade civil e ecológica, extraída da convivência entre o caminho de espiritualidade dos seres humanos e o ecossistema. A Tradição possui teologia, cosmogonia, mitologia, liturgia, ética, lei, doutrinas, templo, mistérios, costumes, crenças e rituais que lhe são próprios e distingue-se das demais tradições domésticas em razão de ser uma tradição familiar no que tange sua linhagem. Não admitimos ativistas de nenhum tipo, nem os radicais exacerbados, pois acreditamos que tais comportamentos só servem para atribuir em nossa sociedade, uma ferida ainda maior do que aquela causada pelo patriarcado. Buscamos fornecer um tratamento diferenciado, como iguais e separados, no que diz respeito ao humanismo, espiritualidade e urbanidade, bem como o respeito a qualquer habitante do mundo, desde que somos orientados pela filosofia dos lobos, cujo tronco de cunho shamânico teve sua primasse na fundação de Roma na Itália, e a isso se liga a comarca de Alba Longa, berço dos Lupinos, que já estava lá antes do Vaticano.

Em nosso regulamento moral, desconhecemos discriminações quanto à cor da pele, origem étnica e orientação sexual. O censo iniciático corresponde à magia polarizada, e os ensinamentos tradicionais da família. As transmissões da doutrina, da linhagem e do poder são realizadas por todo e quaisquer magister ou magistra.

O percurso desse ensinamento possuem três etapas a saber, que não são graus: 

1 – Etapa Noviça, que dura no mínimo o tempo de uma gestação;
2 – Etapa Tutorada, que dura o tempo necessário para o amadurecimento pessoal.
Estas duas etapas são fundamentais para o ensino e aprendizado da Arte, sem elas não se transpassa a fronteira da muralha.
3 – A Iniciação. O início do caminho Lupino é marcado pela transmissão do poder, onde uma prova vivida com os Deuses Patronos individualmente por cada membro se faz presente. Isso dá ou não legitimidade ao parente em ser reconhecido pelo clã como "um de nós". Daí o termo “Só um Lupino faz outro Lupino".

       Além de vários ritos específicos, valorizamos seis passagens, sendo elas: O Nascimento, A Puberdade, O Amadurecimento, A União, O Envelhecimento e A Morte Natural. Após a morte natural de qualquer membro da tradição, seu espírito é reverenciado no Lararium por todos os Clãs Lupinos.

       Os Sabbats Lupinos são a ‘Ocasião forte’ de nossos dias santos.

      O Rito Lunar é de colisão das Bruxas Lupinas, onde cada iniciado relata seu recente labor, e todos o provam com uma boa fumaça. Neste rito significamos os trabalhos de interesses da família.

O Livro dos Lobos é reproduzido por cada iniciado mantendo os costumes da tradição.
Além da treinagem mágica seguida pelo Livro dos Lobos, cada parente é encorajado dentro de seu clã, a ensinar e treinar os demais, as suas habilidades e dons naturais caso os tenha, e a isto se anota e compartilha com todos do Clã.

A prática se faz em conjunto e em alguns casos, individualmente.

As possíveis desavenças ou desentendimentos são encarados como em qualquer família Italiana como algo natural, e é desencorajada em razão do vínculo mágico, da confiança, amor e exata medida, não podendo existir o rompimento do vínculo mágico.


Em nossa tradição, somos instruídos e direcionados fortemente ao trabalho de cura energética e espiritual através dos pináculos do Martelo Duplo de Valéria Luperca.

O Martelo duplo evoca em nossas mentes, os três caminhos percorridos na busca pela iluminação, a experiência de luz, o exame de trevas, e o atual estado composto pelas duas canchas anteriores, e dessa forma acreditamos aflorar nossa liberdade.


Possa o Bom Lararium lhe abençoar e Caputspher acender a sua luz!

Por Aethelwulf

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