Então um dia você se torna mestre e descobre outros como a ti, e na beleza da diferença vê a si mesmo como uma antinomia da realidade dispersa, a disparidade marginal no espelho imediato.
Se você se tornou mestre, certamente foi por alguma razão, você investiu para subir esse degrau na escada dos títulos. Perseguiu uma capacidade com objetivo, já que é uma faculdade inerente a todos.
Mas o agente que certifica o título de mestre não é o mesmo para o estudante de um mestrado e um educando do progresso, esse agente é o valor que você deposita na importância em se impor para ser ou ser sem se impor.
Ninguém está mestre 24 horas por dia, mas alguém lhe faz mestre nos momentos solicitados.
Você quer ser mestre?
Se for para ter o produto adjacente do seu trabalho, então você não escolheu o melhor caminho.
Se for para ver resultados fantásticos, desista.
Saiba que este é um trabalho demorado, que exige paciência, e a arte final parece não ter fim.
A arte final do seu trabalho só encontrará o fim quando valer a pena começar outra vez.
Se for para ter recompensas grandiosas, saiba que as vezes a sua recompensa é a consciência de ter cumprido bem o seu dever, que necessitou de ti, alma lavada, sensação serena como as águas sem agitação.
Quem faz bem o seu papel, não necessita se justificar, não precisa contrastar com certidões virtuais, quiméricas, nem encher uma instituição com argumentos criados na intenção de convencer até mesmo os inconvencíveis.
O mestre não quer seguidores, o mestre ensina o outro a pensar por si, um mestre faz do outro, mestre, e ambos são livres.
Se for para obter um grande sucesso, esteja certo, ele não está nas grandes manchetes, não está nas grandes instituições, nem nas grandes bocas que gritam desesperadamente para impor seu reconhecimento.
O mestre não nasce mestre, o mestre é um insight luminoso que se manifesta ‘vivo’ quando a caravela está pronta pra navegar, se faz presente em ti, um espírito ígneo das divinas águas atuantes dos momentos inesperados. Este é Um entre outros, momento em que alguém lá do outro mundo quer dar um conselho que você sozinho não poderia dar, a alguém.
Eu sozinho não sou o mestre, mas esse bom daimon age através de mim, fazendo-me Um com ele é que posso ser mestre, pois a atuação do mestre exige uma dicotomia. Ninguém pode ensinar algo a si mesmo. Sempre haverá dois personagens, um fazendo o papel do transmissor, e o outro o papel do receptor, professor e aluno, adulto e criança, ativo e passivo, dia e noite, daimon e Sócrates,etc.
O sucesso em ser mestre não está nos apontamentos e desapontamentos, mas na satisfação de ter ajudado alguém a ser mais....que pode oferecer mais de si mesmo. O mestre vem a ser aquele que tem poder de te destruir, mas decide lhe pedir perdão para lhe ensinar a glória da humildade, sendo isto o primeiro exemplo que deveria ter sua atenção no plano alquímico.
Não basta apenas defender uma tese pra poder carregar um título de mestre, pois quem assim o faz estará limitado a ser mestre de um estudo que sempre esteve fora de ti, facultativo a todos, e assim, como ninguém dá o que não tem, esse tipo de mestre de uma disciplina alheia ao seu ser, não pode dar de si mesmo a ninguém mas tão só pode ensinar o mesmo curso da qual deu estimação.
Quem carrega o sangue bruxo transporta o estudo que sempre esteve dentro de ti. Na maturidade ele desperta e se lança no egresso, como na arte final já citada.
Então,
Se você já sentiu a alegria de ter feito alguém feliz e mais feliz;
Se você sorri com a felicidade de alguém;
Se você pode amparar nos momentos certos a quem precisa;
Se com sua saliva curativa você pode lamber as feridas alheias;
Se aqui você pode realizar desejos das pessoas como um deus faz quando lhe é pedido;
Se você não escraviza, mas liberta os meio-indivíduos ao transformá-los em indivíduos íntegros;
Se você vibra com o crescimento alheio;
Se você canta para alguém vibrar;
Se você pode entrar nos sonhos das pessoas;
Se você sabe quem você é e não precisa mostrar isso pra ninguém;
Se você se sente mais “você”, quando alguém se torna mais “eu”;
Então você localizou a razão em ‘estar’ mestre. Porque você encontrou de fato o essencial.
E você terá o sucesso que acontece também no silêncio, e esse é o mais lindo!
O resultado que lá no fundo você sempre soube que existia sem esperar aplausos em troca, que acontecesse enviuvado do amparo.
O resultado que você esperou sorrindo no rosto de alguém, refletindo o rosto de alguém sorrindo.
Porque você vive o júbilo de não ter encontrado razão em ser mestre, mas de ter sido mestre com razão, na ocasião que lhe convida a ser o intermediário entre aquilo que precisa ser instruído X aquele que precisa e pode ouvir.
O sábio é antes de ser um mestre, um educando do progresso que muda sua marginalidade sem perder seu núcleo, por isso ele é mestre e pode educar outros.
Por Sett Ben Qayin
Adorei sua definição entre Sábio e Mestre. Um Mestre é um Sábio reconhecido como tal, jamais auto-declarado. Um Sábio pode escolher não compartilhar o que sabe, um Mestre só é Mestre quando é procurado como Mestre e aceita o estudante.
ResponderExcluirPerfeito dizer que "O sábio é antes de ser um mestre, um educando..."
Keep going! Aos poucos vamos todos ganhando clareza :D
Muito bom o texto! Nunca havia lido algo que retratasse a essência de um verdadeiro Mestre com tanta profundidade e simplicidade ao mesmo tempo.
ResponderExcluirPara mim, o que foi dito nessa frase é um dos maiores mistérios e obstáculos que muitos enfrentam em seu caminho: "O mestre vem a ser aquele que tem poder de te destruir, mas decide lhe pedir perdão para lhe ensinar a glória da humildade, sendo isto o primeiro exemplo que deveria ter sua atenção no plano alquímico."
Parabéns pelas sábias palavras!
Obrigado pelo carinho e pela apreciação Qelimath e Lizarb.
ResponderExcluirDesculpe a demora em responder.
Lizarb, a inspiração e a clareza vem junto com o caminho que se abre em nossa frente.
Num é verdade que uma mente que se abre nunca mais volta ao tamanho que era?
Estamos sempre ampliando nossos horizontes (no plural mesmo)
abração.
;)