sexta-feira, 25 de outubro de 2019

O deus não deve ser triste





As vezes somos taxados como elitistas e esse termo tem sido usado no contexto errado e nos pré-julga.

O trabalho individual também tem a ver com o self, mas ele não é só isso. A Palavra Self não é encontrada nos textos clássicos das artes tradicionais. Nós não somos elitistas porque queremos ou para ostentar egos e, sim porque a bruxaria que contém um trabalho sério não é para qualquer um. Requer total entrega, esforço, dedicação e muito, muito labor gnostiológico e epistemologico, especialmente quando se trata das origens pagãs do Perdão e como ele se comporta frente à uma teologia salvífica. Isso, aliás é a tese do meu doutorado.

As bruxas tradicionais são comprometidas com a arte esotérica antiga, desde que são esses panos de fundo que guiam as pessoas em seu caráter e comportamento. Requer compreender que existem paralaxes sobre cosmovisão e que as verdades são individuais, passageiras, transformadoras, fragmentadas e não absolutas. As pessoas mudam com o tempo e se melhoram.

Demorei algum tempo para entender que não leva a lugar algum se posicionar e ficar brigando por ideologias na internet igualmente o que fazem os não iniciados, haja vista que isso é um verdadeiro desserviço ao empoderamento da sabedoria interna, mas quando alguém publica um artigo é sempre no sentido e intenção de colaborar, nunca de enfrentar. As pessoas também pedem por aprovação, elas tem fome de sentido.

A Arte Bruxa é multifacetada e possui várias cores e tradições espirituais, mas o que torna um bruxo tradicional é ele compreender que o que lhe foi legado durante uma iniciação é todo um conjunto ou escopo do corpo de apostolado do antigo esoterismo, sem isso é uma bruxaria amputada de sentido iniciático e metafísico, porque a essência tradicional é avessa a todo misticismo sem fundamento. A própria iniciação é a morte do ego, uma vez que você deixa sua antiga vida para trás.

A bruxa nasce bruxa, porém sem uma legitimação nesta vida acerca de iniciação horizontal, ela permanece decepada ainda do egresso e de toda assistência do trabalho que se tem pós iniciação. Lembrando que, o legítimo trabalho começa após uma legítima iniciação.

O trabalho iniciático! nós nos distanciamos de certas pessoas e de redes sociais para que nós não nos percamos de nosso caminho de tijolinhos serpentários, desde que é fácil a contaminação quando estamos nos empenhando em nossa própria melhoria e jornada, contudo, faço uma ressalva para assegurar que somos portadores do antídoto contra a vaidade.

É mil vezes tradicional, em praticamente todas as escolas de esoterismo mágico clássico, que se percorra o trajeto da melhoria do “Nous”, pisando firme no autoconhecimento, reconhecendo o que é ego individual e ego personalizado (a história dos gêmeos e dos pares espirituais) de cada tradição, o assassinato sua vaidade, um mergulho em suas próprias profundezas com a sombra e o emolduramento das virtudes. É devido a isso que cada vez mais estamos voltando para as sombras e fugindo das redes sociais e disputas infrutíferas. Cabe a nós o esforço ou a naturalidade de estarmos com nossos pares perfeitos.

Nós não devemos desculpas pela ausência de conhecimento e estupidez individual de cada um, mas devemos ser bons com todos e acreditar no potencial de cada pessoa. Os deuses querem o nosso bem. 
O nosso compromisso é com a nossa Arte Bruxa e disso decorre todo o trabalho feiticeiro o qual aplicamos em nós mesmos na construção do ser e forja do caráter. 

Nós reconhecemos quando, o establishment e o empowerment se condensam e amalgamam no iniciado.

Eu gostaria de ver todos os bruxos tendo amizade entre si, se dando bem, havendo paz e harmonia em meio a bruxaria, mas isso parece utópico justamente porque existem hoje em dia alguns grupos que estão mais ocupados em deflagrar a consciência alheia para depois colonizá-la, ao invés de dar as mãos em trabalho sério.

Preocupo-me muito com o para onde as pessoas estão indo, porque algumas parecem estar em um mau lugar nesse mundo, mesmo sabendo que o deus dessas bruxas modernas não é um deus triste ou de tristeza.

A cosmovisão tradicional está contida em todos os livros circunspectos de tradições sérias de bruxaria clássica, iniciática e hermeticamente fechada justamente para não ser banalizada.
Todo iniciado se esforça para melhorar sua Alma, alguns demoram mais, se estiver andando na contra mão disso é porque se perdeu no caminho. Quem não consegue compreender a dimensão da benevolência e a riqueza do Senhor da era de ouro saturnina, não compreendeu nada do caminho.

Aquilo que distorce a alameda é a vaidade contida no ego personalizado, e todas as leis herméticas contidas na tabua de esmeralda estão intrínsecas na gramática da arte tradicional, quem pregar o contrário disso estará pregando um caminho particular, não o caminho tradicional. É o despersonalizar-se para permanecer a essência enquanto consciência divina contida nas polaridades que ao se unirem se tornam UM como Dryghton.

Entendam que quando falamos de ego nada tem a ver com as lições de Freud e sim com iniciação tradicional, com a inteligencia do duplo etérico e nossos pares espirituais. Nós trabalhamos com um conceito sobre o ego que vem bem antes de Freud e nada tem a ver com psicologia moderna. Isso está representado, inclusive, na defensoria tradicional da teoria das raças espirituais em contraparte da negação do racismo biológico, tão promulgado pelas antigas escolas de mistério, escolas de pensamento tradicionais e por magisters e bruxos famosos e antigos, bem como autores e ocultistas tradicionalistas e não temos interesse na contaminação nem no desvio de nosso caminho e obra. Quando falamos de raças espirituais, não estamos falando de raças de pele e cor da pele. Isso é devido aos criadores de cada espírito e alma, pois eles são muitos e são cósmicos, não são os mesmos para todo mundo, apesar de todo mundo ser submetido a lei que obriga todo espírito a reencarnar. O próprio mito da queda de Lúcifer foi traduzido errado. Lúcifer é a consciência de cada um, é a luz que cada um carrega. A queda é a reencarnação dessa luz, a qual ganha uma persona ao nascer e a Maia apaga as lembranças do ego individual (espiritual). 

Nossa família, nossa arte bruxa, nossas tradições, nossos mistérios bruxos devem ser guardados. 

O elitismo vem da prosperidade e êxito da obra transformadora e cabe a você obter êxito em se transformar, você prosperou com progresso, é porque teve a alcateia Materna que te nutriu.

Sett.







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