segunda-feira, 23 de setembro de 2013

O RITO AUKAIA

Com as honrarias da família Lupino, hoje venho lhes apresentar o rito para quem se muda em Lobo.

Tradição Familiar Lupino. Anno Domini 2013.

~ O RITO AUKAIA ~

CONJURAÇÃO DO GENI LOCI

Conjuro e consulto o gênio do lugar pra unir; 
Aquele que informa as águas para subir, ou cair; 
E ajuda minha ambiciosa colina os céus escalar, 
Com colheres ou vassouras circulando os palcos do vale e o altar; 
Solicito aos pais do princípio, debaixo dos meus pés, as capturas que abrem as clareiras, 
Levanta-me na vós do vento cujo poder e suporte tu és, para quem voa com as feiticeiras,
Ingresso nos bosques montados em lobos e bestas, com vários tons de sombras, 
Agora quebra minhas correntes, e me dirige no ar, na linha invisível deixada para matar; 
com as tintas das plantas eu subo o veredito, para trabalhar cavalgando a mosca sobre o mar.

INVOCAÇÃO LUNAR PARA A AMANTE DO LOBO

Lykaia-Aukaía! Ouça-me, minha rainha, difusora da luz prateada, Lua-Bicorne, Nau vagante e noturna; Errante do Céu e companheira de Sirius! O ar, antes apagado, brilha com a luz de sua coroa prateada, e seu feixe de raios claros, quando quer nos banhar, seu belo corpo nos toca como fazes nas águas do Oceano! Oh tu, Cercada de estrelas, circunda o céu com sua tocha; Subindo e declinando com raios machos e fêmeas, para tocar tudo que está abaixo de ti; Velha Mãe, produzindo frutos lunares de Mene, cuja esfera âmbar orbita ao meio dia e reflete a noite; Amante dos Lobos, poderosa luz vigilante enfeitada de estrelas; Inimiga de contendas, que se regozija em paz e alegria, forneça-nos uma vida prudente; Oh Senhora, lâmpada da noite, que do firmamento dá o funcionamento da natureza e seu fim destinado; Salve Diana! IO EVO HE Juno Lupia! Adornada com túnica graciosa e  brilhante véu; Vinde, oh Bendita Deusa, judiciosa, asteroidal, refulgente, casta e esplêndida! Venha brilhar sobre este rito sagrado com raios prósperos! E aceite os elogios dos seus suplicantes! Vestindo-nos com teus mistérios! Dando velocidade para cavalos, bestas, cobras, bodes e lobos, todos os meses, quando sua órbita grande se enche de prazer, aumentando seu poder e nosso jubilo diante da maldição. Tu és o sinal seguro para os lobisomens e diabos. Salve, Deusa Branca! De chifres amalteanos e corona Solar! Nós giramos tua órbita agora! E com vossas mudanças, mude nossa fase, pele e pelos, para o que estiver dentro venha para fora! Expia-nos e muda-nos mais uma vez! Livra-nos da captura, e nos veste com a capa de Aegilon! De caça para caçador, eis a mudança requerente! E quando tu, Oh Loba prateada, por intermédio de nossas mãos, tiveres apreendido a novilha solitária para o nosso pasto, todas as armadilhas fenecerão!

A CONJURAÇÃO CÉPHALO-CAUDAL


Lykaia-Aukaía!

Oh tu que é Reprobus, Lupus, Lupercus e São Cristóvão! Ouça-me! Se alguma vez o homem se esforçasse para ser deus, Com toda sua alma, viria desse esforço, para poupar de ser selvagem! Não desprezando os seus trabalhos para atingir, A excelência em verdade, para darmos àqueles, Que alcançaram a meta orgulhosa de Shun! Meu louvor a ti que é Senhor e Diabo! Meu louvor a ti que é Diabo e Santo! Meu louvor a ti que é Santo e Monstro! Meu louvor a ti que é Monstro e Trevas! Terrível e Devorador feito A Besta Temida! Todos os pensamentos de ciúme e inveja, e instintos animalescos, para a mente desprovida, o coração de nossa raça devora, O presente é ligeiro ao abrir a boca e engolir, A palavra amável para labutas sem número construir, e compartilhar as vossas belezas e seu monumento grandiosamente fertilizador! Veja, hoje há alguns que desejam se tornar Lobos contigo, Enquanto nós Lobos desejamos nos tornar homens e depois deuses! Oh tu que és da raça das estrelas, imponente na essência animal dos Gigantes, Descendente de Nephilins e Caos, que viveu todas as eras, E ainda agora é vivo e poderoso!

Lykaia-Aukaía-Lycaeus-Lykaian!

Quem beber de tua honra não vai trazer desonra em meus braços sagrados, nem abandonar a alcateia onde quer que esteja! Opomos-nos a tudo e a todos agora, contra as leis da constância e da permanência, para mudar-nos a nós diante de teus olhos, sob o efeito de teu poder e imbuídos por ti que nos penetra agora e se multiplica! E contigo, correremos os limites da terra natal, trigo, cevada, vinhas, oliveiras, figueiras e todas as árvores, até encontrar as 7 igrejas! Até lá onde se esconde aquele Deus! Aquele que exilou nosso Caim. Oh Deus que realiza todos os fins e dele se cumpre a esperança de cada momento; fecundador de úteros, que segura a Norma feito régua entre a mosca e o caçador, ao lado da mesa da montanha, Oh tu, que em sua cabeça brilha as garras de um escorpião, e tua garganta é portadora do uivo da flecha de Quiron, Deus que carrega o altar em suas costas, Deus que pode ultrapassar a águia alada ou sobre o mar superar o golfinho; Por Alfa, Beta, Eta, Capa, Miú, Csi, A ti se inclinam o coração arrogante de muitos homens; Daí-nos uma vez mais, de beber dá glória da eterna maldição que nunca irá se apagar; E então, correremos com dente feroz e mordaz, lotados de palavras caluniosas e uivos corretos; Tu já nos mostraste com a idade uma vez, revela uma vez mais a língua afiada que quer afrontar o alimento de entranhas saborosas; Crescida na gordura das duras palavras do ódio; Por Antares, Canopus e Sírius, Vela e Crux! E pelo poder dessa Lua que explode em nosso focinho! Muda-nos agora! Muda-nos em Lobisomens! Pois o melhor que o Fado Lupino nos trouxe foi a riqueza, que se juntou com o dom da sabedoria feliz! Muda-nos em Lobisomens, para que tenhamos a companhia do teu mestre diabo que te ensinou os períodos da mudança e da troca de pelo! Assim nos tornamos Portador de Chrestos! Lykaia-Aukaía-Lycaeus-Lykaian!

Aaaaaauuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu!!!!!!

...........................YY........................


ROTEIRO PARA QUEM SE MUDA EM LOBO – O RITO AUKAIA


Passo-a-passo:

Todos, com roupa adequada ou em nudez, se reúnem para a mudança;

0 - Chamado de quem pode se levantar (sentinela - geni loci) 4 velas vermelhas;

1 – Invocação Lunar para a amante do Lobo - no altar c/ vela preta e incenso palo santo, leite e água;

2 – Criação do Assento do Lobo;

2.a - depositar fluídos como doação de nossa essência em sacrifício para servir de ponto de transformação (para ir e para voltar do estado Lobo);
2.b – Deitar a cabeça do Lobo (ícone) sobre a cova e verter o leite;
2.c - Deixar os amuletos a disposição sobre o assento para tomar energia;
2.d – Verter o sangue do sacrifício da ave sobre todo o assentamento, inclusive sobre os amuletos. A ave sacrificada deverá ser comida no dia seguinte;
2.e – Sepultar a cabeça do Lobo e distribuir os amuletos em meio a uivos/rosnados/choros;

3 – Enquanto marcham de 2 em 2 passos para a esquerda, os braços esticados intercalam o movimento para cima e para baixo. O cálice com o Claret será colocado sobre o enterro para que seja acesa a chama do assentamento ao redor do cálice, usando álcool ou algum comburente vaporoso;

4 – A conjuração céphalo-caudal permite conjurar o Espírito do Segredo Lupínico no fogo sobre o assentamento, para que ele responda na mudança (usar máscaras – podem ser as mesmas da lupercália) com uma vela verde em cada mão do conjurador (a marcha continua até o fim da conjuração);


5 – Parados e em pé para receber a oferta do sal e açúcar - (sal para proteção/ açúcar para amor) – será servido um punhado para cada mão, escolhendo qual será servida ao fogo e qual será passado no corpo, ou se os dois serão misturados e servidos ao fogo e ao corpo.

6 – Ao servir o fogo, façamos ouvir os grunhidos/uivos ou qualquer som que sua boca queira emitir. Enquanto isso, a marcha ou corrida deve ser desordenada e entrelaçada, com ruídos, sempre dentro dos limites do cinto ritualístico, uivando, enquanto um de cada vez serve o fogo com o doce ou salgado do seu “Coração”;

7 – Quando o fogo se extinguir, serão acesas as outras velas verdes e o Claret é servido;

8 – Cada lobo lança sua moeda para (mais ou menos uns dois metros de distância) fora do cinto ritual sem perder a localização;

9 – Então, um de cada vez recebe a purificação pelo azorrague e se deita ao chão, no centro, de barriga pra cima segurando o cálice no umbigo, enquanto todos marcham para direta, ao redor uivando, faça o expurgo subir para o cálice;

10 – Começa a caçada – na forma de lobo todos saem farejando a moeda até encontrá-la;

Daqui em diante, a mudança já deverá ter ocorrido e o ritual pode tomar forma própria, e cada lobo, daqui pra frente cumprirá a maldição conforme for tocado por ela. E como tem de ser, tomará uma hóstia em sete igrejas diferentes, para conseguir carregar Chrestos pelo resto do ano.

Materiais:

1 colher grande para cavar; os fluídos; a cabeça do Lobo; amuletos; ave do sacrifício; 1 incenso de palo santo; água e leite; 1 altar; 1 litro de álcool; fósforos; a máscara de lobo (feita por si mesmo); 4 velas vermelhas; 4 verdes e 1 preta; cálice; garrafa do Claret; sal, açúcar; 1 moeda para cada lobo(a); 1 toalha para servir o cálice; o azorrague da lupercália; capa;

Anotações sobre o ritual:

O ritual que se segue é uma releitura da prática Lupínica, realizada nas Lupercálias, aqui trazida para a Irmandade. O rito em si pode ser feito em nudez ou com roupa ajeitada, porque é um ritual que se soa muito, além de subentender-se que lobisomens rasgam as roupas durante a mudança. Nesse rito não iremos chamar nenhum guardião específico, mas sim será feito um convite aos Geni Loci, olhando fixamente o chão como se o olhar penetrasse debaixo da terra, e o convite deve ser feito de forma espontânea com as palavras que sair do coração ou com o hino específico. Há uma invocação da Lua diante do altar. A Lua é a padroeira dos Lobos, e o altar é uma estrela fixa que se encontra nas costas da constelação do Lobo, está entre as estrelas que compõe as constelações de escorpião e sagitário, e é próprio do hemisfério Sul. 
A necessidade do assentamento é para criação de um ponto de poder Lupino no cerco, onde as oferendas dos fluídos são nada mais nada menos que um ato de autossacrifício para transformar-se diante dos poderes dos Lobos. Ali é um ponto forte, cujo amuleto marcial será também consagrado e sempre que se precisar daquela energia, basta pensar naquele ponto enquanto se aperta o amuleto contra o coração. O ícone em argila da cabeça do lobo é um simulacro que foi construído magicamente com a intenção de servir como núcleo e túmulo de nossa ancestralidade que estamos puxando pra cá. Uma ave (preferencialmente a galinha - não importa a cor porque  o Lobo come galinhas de todas as cores) é sacrificada no local do assentamento como ‘paga/troca’ dos poderes e pelos poderes do Lobo ali assentado. O sepultamento já fala por si, e como o fogo é o elemento do espírito, ele estará presente após o enterro para fazer subir a partilha do espírito para dentro do cálice que conterá o Claret. O Claret era originalmente assim chamado nas Lupercálias, pois era a bebida dos deuses, uma espécie de Soma/ ou Vino Sabati, cuja fórmula não somos somente nós os detentores. É também utilizado por outros clãs que trabalham com os poderes dos Lobos, tal como os Loup Garous que se utilizam do Amanita Muscária. 
Neste caso a transformação em Lobo acontece de fato, quando se adentra ao sabá das bruxas. O lobo no Xamanismo é o professor e o sábio, e o estado de Lobo é o mesmo poder bruxo. É preciso lembrar que lá fora, a maioria das bruxas quer se tornar lobas, enquanto nós aqui já somos lobos e por isso mesmo o nosso desejo não é se tornar lobos, mas passar da condição animal para divina, por intermédio da sapiência e/ou pré-gnose somados ao Claret. Assim deixando o estado animalesco e selvagem para alcançar as formas mais divinas. Isso é uma energia que sobe e desce para se encontrar. Reprobus/Lupercus/São Cristóvão, são avatares do antigo Totem Lobo. Quando a viagem que começou no paganismo termina e adentra no cristianismo, encontramos San Christopher (o Portador de Chrestos/Christos) e ai reside outro mistério. Este cinocéfalo era conhecido por Reprobus, da família dos antigos Gigantes, e o diabo foi seu mestre, e foi assim que ele pode conhecer o Deus que exilou seu parente Caim. Como Lupercus, ele encontra ressonância no mito da Loba que amamentou Remo e Rômulo, cuja mãe era uma sacerdotisa de Marte, e deixou uma avatar chamada Valéria Luperca, de natureza como a de Arádia igualmente. Uma vez que a tradição se apresenta como uma das várias formas de stregoneria, mesmo no Brasil, os deuses e demônios (Lobos) itálicos sempre são de alguma forma homenageados ou chamados em nossos trabalhos. Eu particularmente gostaria de substituir o azorrague (chicote usado nas Lupercálias), pelos ramos de Lupino (folhas e flores), bem como colocar a flor Lupino no altar, mas a vontade para qualquer substituição. 
O que teria valor para o lobisomem seria o alimento, comer uma carne, e ali no rito a moeda vem representar esse valor na caçada. Há duas marchas, uma para esquerda e outra para a direta, isso simboliza a capacidade de trabalhar com as duas vias das mãos, bem como ir e voltar do estado de lobo. Como se sabe, uma das maldições dos lobisomens é visitar 7 igrejas! Mas ninguém revela pros de fora, que lá tomamos uma hóstia consagrada em cada uma das 7 missas assistidas porque a maldição dos lobos é ser para sempre os guardiães do portador de Chrestos e se tornar UM com ele. Chrestos significa O Ungido, uma palavra escrita na porta dos templos pagãos da era anterior aos Baptas sacerdotes de Cibele que batizavam e ungiam seus séquitos. Joshuà foi um dos Crestos, talvez o mais famoso dentre eles.

A maldição do Lobisomem: No rito Aukaia, tomar sete hóstias em sete igrejas é uma linguagem mistérica, onde Hóstia significa vítima/sacrifício, e Igreja vem do grego e significa Ekklesia, assembleia, reunião, derivado do verbo Ekkalein, formado por Ek-, “fora” + Kalein-, chamar/clamar. Entrou em uso muito antes do início do cristianismo. A maldição refere sete hóstias. Significa a feitura de sete sacrifícios, ou, autossacrifício por sete vezes ao reunir sete assembleias (Ekklesia) ou covines em sua vida antes de parar pra descansar. Também pode significar o sacrifício das sete crianças chamadas de “vícios infantos” ou vícios devido à imaturidade, no segundo trabalho de Lupercus, onde se deve purificar o esconderijo do touro. Tornar sacra a imaturidade requer virtudes específicas do labirinto do touro. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

agradecemos a você por contribuir e complementar. continue sendo gentil e sábio. abençoados sejam!

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.