Tradição
Familiar Lupino. Anno Domini 2013.
~ O RITO AUKAIA ~
CONJURAÇÃO DO GENI LOCI
Conjuro e consulto o gênio do lugar pra unir;
Aquele que informa as águas para subir, ou cair;
E ajuda minha ambiciosa colina os céus escalar,
Com colheres ou vassouras circulando os palcos do vale e o altar;
Solicito aos pais do princípio, debaixo dos meus pés, as capturas que abrem as clareiras,
Aquele que informa as águas para subir, ou cair;
E ajuda minha ambiciosa colina os céus escalar,
Com colheres ou vassouras circulando os palcos do vale e o altar;
Solicito aos pais do princípio, debaixo dos meus pés, as capturas que abrem as clareiras,
Levanta-me na vós do vento cujo poder e
suporte tu és, para quem voa com as feiticeiras,
Ingresso nos bosques montados em lobos e bestas, com vários tons de sombras,
Agora quebra minhas correntes, e me dirige no ar, na linha invisível deixada para matar;
com as tintas das plantas eu subo o veredito, para trabalhar cavalgando a mosca sobre o mar.
Ingresso nos bosques montados em lobos e bestas, com vários tons de sombras,
Agora quebra minhas correntes, e me dirige no ar, na linha invisível deixada para matar;
com as tintas das plantas eu subo o veredito, para trabalhar cavalgando a mosca sobre o mar.
INVOCAÇÃO LUNAR PARA A
AMANTE DO LOBO
Lykaia-Aukaía! Ouça-me, minha
rainha, difusora da luz prateada, Lua-Bicorne, Nau vagante e noturna; Errante
do Céu e companheira de Sirius! O ar, antes apagado, brilha com a luz de sua
coroa prateada, e seu feixe de raios claros, quando quer nos banhar, seu belo
corpo nos toca como fazes nas águas do Oceano! Oh tu, Cercada de estrelas,
circunda o céu com sua tocha; Subindo e declinando com raios machos e fêmeas,
para tocar tudo que está abaixo de ti; Velha Mãe, produzindo frutos lunares de
Mene, cuja esfera âmbar orbita ao meio dia e reflete a noite; Amante dos Lobos,
poderosa luz vigilante enfeitada de estrelas; Inimiga de contendas, que se
regozija em paz e alegria, forneça-nos uma vida prudente; Oh Senhora, lâmpada
da noite, que do firmamento dá o funcionamento da natureza e seu fim destinado;
Salve Diana! IO EVO HE Juno Lupia! Adornada com túnica graciosa e brilhante véu; Vinde, oh Bendita Deusa,
judiciosa, asteroidal, refulgente, casta e esplêndida! Venha brilhar sobre este
rito sagrado com raios prósperos! E aceite os elogios dos seus suplicantes!
Vestindo-nos com teus mistérios! Dando velocidade para cavalos, bestas, cobras,
bodes e lobos, todos os meses, quando sua órbita grande se enche de prazer,
aumentando seu poder e nosso jubilo diante da maldição. Tu és o sinal seguro
para os lobisomens e diabos. Salve, Deusa Branca! De chifres amalteanos e
corona Solar! Nós giramos tua órbita agora! E com vossas mudanças, mude nossa
fase, pele e pelos, para o que estiver dentro venha para fora! Expia-nos e
muda-nos mais uma vez! Livra-nos da captura, e nos veste com a capa de Aegilon!
De caça para caçador, eis a mudança requerente! E quando tu, Oh Loba prateada,
por intermédio de nossas mãos, tiveres apreendido a novilha solitária para o
nosso pasto, todas as armadilhas fenecerão!
A CONJURAÇÃO CÉPHALO-CAUDAL
Lykaia-Aukaía!
Oh tu
que é Reprobus, Lupus, Lupercus e São Cristóvão! Ouça-me! Se alguma vez o homem
se esforçasse para ser deus, Com toda sua alma, viria desse esforço, para
poupar de ser selvagem! Não desprezando os seus trabalhos para atingir, A
excelência em verdade, para darmos àqueles, Que alcançaram a meta orgulhosa de
Shun! Meu louvor a ti que é Senhor e Diabo! Meu louvor a ti que é Diabo e
Santo! Meu louvor a ti que é Santo e Monstro! Meu louvor a ti que é Monstro e
Trevas! Terrível e Devorador feito A Besta Temida! Todos os pensamentos de
ciúme e inveja, e instintos animalescos, para a mente desprovida, o coração de
nossa raça devora, O presente é ligeiro ao abrir a boca e engolir, A palavra
amável para labutas sem número construir, e compartilhar as vossas belezas e
seu monumento grandiosamente fertilizador! Veja, hoje há alguns que desejam se
tornar Lobos contigo, Enquanto nós Lobos desejamos nos tornar homens e depois
deuses! Oh tu que és da raça das estrelas, imponente na essência animal dos
Gigantes, Descendente de Nephilins e Caos, que viveu todas as eras, E ainda
agora é vivo e poderoso!
Lykaia-Aukaía-Lycaeus-Lykaian!
Quem
beber de tua honra não vai trazer desonra em meus braços sagrados, nem
abandonar a alcateia onde quer que esteja! Opomos-nos a tudo e a todos agora,
contra as leis da constância e da permanência, para mudar-nos a nós diante de
teus olhos, sob o efeito de teu poder e imbuídos por ti que nos penetra agora e
se multiplica! E contigo, correremos os limites da terra natal, trigo, cevada,
vinhas, oliveiras, figueiras e todas as árvores, até encontrar as 7 igrejas!
Até lá onde se esconde aquele Deus! Aquele que exilou nosso Caim. Oh Deus que
realiza todos os fins e dele se cumpre a esperança de cada momento; fecundador
de úteros, que segura a Norma feito régua entre a mosca e o caçador, ao lado da
mesa da montanha, Oh tu, que em sua cabeça brilha as garras de um escorpião, e
tua garganta é portadora do uivo da flecha de Quiron, Deus que carrega o altar
em suas costas, Deus que pode ultrapassar a águia alada ou sobre o mar superar
o golfinho; Por Alfa, Beta, Eta, Capa, Miú, Csi, A ti se inclinam o coração
arrogante de muitos homens; Daí-nos uma vez mais, de beber dá glória da eterna
maldição que nunca irá se apagar; E então, correremos com dente feroz e mordaz,
lotados de palavras caluniosas e uivos corretos; Tu já nos mostraste com a
idade uma vez, revela uma vez mais a língua afiada que quer afrontar o alimento
de entranhas saborosas; Crescida na gordura das duras palavras do ódio; Por Antares,
Canopus e Sírius, Vela e Crux! E pelo poder dessa Lua que explode em nosso
focinho! Muda-nos agora! Muda-nos em Lobisomens! Pois o melhor que o Fado
Lupino nos trouxe foi a riqueza, que se juntou com o dom da sabedoria feliz! Muda-nos
em Lobisomens, para que tenhamos a companhia do teu mestre diabo que te ensinou
os períodos da mudança e da troca de pelo! Assim nos tornamos Portador de
Chrestos! Lykaia-Aukaía-Lycaeus-Lykaian!
Aaaaaauuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu!!!!!!
...........................YY........................
ROTEIRO PARA QUEM SE
MUDA EM LOBO – O RITO AUKAIA
Passo-a-passo:
Todos,
com roupa adequada ou em nudez, se reúnem para a mudança;
0 - Chamado de quem pode se levantar
(sentinela - geni loci) 4 velas vermelhas;
1 – Invocação Lunar para a amante do
Lobo - no altar c/ vela preta e incenso palo santo, leite e água;
2 – Criação do Assento do Lobo;
2.a - depositar fluídos como doação de
nossa essência em sacrifício para servir de ponto de transformação (para ir e
para voltar do estado Lobo);
2.b – Deitar a cabeça do Lobo (ícone)
sobre a cova e verter o leite;
2.c
- Deixar os amuletos a disposição sobre o assento para tomar energia;
2.d – Verter o sangue do sacrifício da
ave sobre todo o assentamento, inclusive sobre os amuletos. A ave sacrificada
deverá ser comida no dia seguinte;
2.e – Sepultar a cabeça do Lobo e
distribuir os amuletos em meio a uivos/rosnados/choros;
3 – Enquanto marcham de 2 em 2 passos
para a esquerda, os braços esticados intercalam o movimento para cima e para
baixo. O cálice com o Claret será colocado sobre o enterro para que seja acesa
a chama do assentamento ao redor do cálice, usando álcool ou algum comburente
vaporoso;
5 – Parados e em pé para receber a
oferta do sal e açúcar - (sal para proteção/ açúcar para amor) – será servido
um punhado para cada mão, escolhendo qual será servida ao fogo e qual será
passado no corpo, ou se os dois serão misturados e servidos ao fogo e ao corpo.
6 – Ao servir o fogo, façamos ouvir
os grunhidos/uivos ou qualquer som que sua boca queira emitir. Enquanto isso, a
marcha ou corrida deve ser desordenada e entrelaçada, com ruídos, sempre dentro
dos limites do cinto ritualístico, uivando, enquanto um de cada vez serve o
fogo com o doce ou salgado do seu “Coração”;
7 – Quando o fogo se extinguir, serão
acesas as outras velas verdes e o Claret é servido;
8 – Cada lobo lança sua moeda para
(mais ou menos uns dois metros de distância) fora do cinto ritual sem perder a
localização;
9 – Então, um de cada vez recebe a
purificação pelo azorrague e se deita ao chão, no centro, de barriga pra cima
segurando o cálice no umbigo, enquanto todos marcham para direta, ao redor
uivando, faça o expurgo subir para o cálice;
10 – Começa a caçada – na forma de
lobo todos saem farejando a moeda até encontrá-la;
Daqui
em diante, a mudança já deverá ter ocorrido e o ritual pode tomar forma
própria, e cada lobo, daqui pra frente cumprirá a maldição conforme for tocado
por ela. E como tem de ser, tomará uma hóstia em sete igrejas diferentes, para
conseguir carregar Chrestos pelo resto do ano.
Materiais:
1
colher grande para cavar; os fluídos; a cabeça do Lobo; amuletos; ave do
sacrifício; 1 incenso de palo santo; água e leite; 1 altar; 1 litro de álcool;
fósforos; a máscara de lobo (feita por si mesmo); 4 velas vermelhas; 4 verdes e
1 preta; cálice; garrafa do Claret; sal, açúcar; 1 moeda para cada lobo(a); 1
toalha para servir o cálice; o azorrague da lupercália; capa;
Anotações sobre o
ritual:
O
ritual que se segue é uma releitura da prática Lupínica, realizada nas
Lupercálias, aqui trazida para a Irmandade. O rito em si pode ser feito em
nudez ou com roupa ajeitada, porque é um ritual que se soa muito, além de
subentender-se que lobisomens rasgam as roupas durante a mudança. Nesse rito
não iremos chamar nenhum guardião específico, mas sim será feito um convite aos
Geni Loci, olhando fixamente o chão como se o olhar penetrasse debaixo da
terra, e o convite deve ser feito de forma espontânea com as palavras que sair
do coração ou com o hino específico. Há uma invocação da Lua diante do altar. A
Lua é a padroeira dos Lobos, e o altar é uma estrela fixa que se encontra nas
costas da constelação do Lobo, está entre as estrelas que compõe as
constelações de escorpião e sagitário, e é próprio do hemisfério Sul.
A
necessidade do assentamento é para criação de um ponto de poder Lupino no cerco,
onde as oferendas dos fluídos são nada mais nada menos que um ato de
autossacrifício para transformar-se diante dos poderes dos Lobos. Ali é um
ponto forte, cujo amuleto marcial será também consagrado e sempre que se
precisar daquela energia, basta pensar naquele ponto enquanto se aperta o
amuleto contra o coração. O ícone em argila da cabeça do lobo é um simulacro
que foi construído magicamente com a intenção de servir como núcleo e túmulo de
nossa ancestralidade que estamos puxando pra cá. Uma ave (preferencialmente a
galinha - não importa a cor porque o
Lobo come galinhas de todas as cores) é sacrificada no local do assentamento como
‘paga/troca’ dos poderes e pelos poderes do Lobo ali assentado. O sepultamento
já fala por si, e como o fogo é o elemento do espírito, ele estará presente
após o enterro para fazer subir a partilha do espírito para dentro do cálice
que conterá o Claret. O Claret era originalmente assim chamado nas Lupercálias,
pois era a bebida dos deuses, uma espécie de Soma/ ou Vino Sabati, cuja fórmula
não somos somente nós os detentores. É também utilizado por outros clãs que
trabalham com os poderes dos Lobos, tal como os Loup Garous que se utilizam do
Amanita Muscária.
Neste caso a transformação em Lobo acontece de fato, quando
se adentra ao sabá das bruxas. O lobo no Xamanismo é o professor e o sábio, e o
estado de Lobo é o mesmo poder bruxo. É preciso lembrar que lá fora, a maioria
das bruxas quer se tornar lobas, enquanto nós aqui já somos lobos e por isso
mesmo o nosso desejo não é se tornar lobos, mas passar da condição animal para
divina, por intermédio da sapiência e/ou pré-gnose somados ao Claret. Assim
deixando o estado animalesco e selvagem para alcançar as formas mais divinas.
Isso é uma energia que sobe e desce para se encontrar. Reprobus/Lupercus/São
Cristóvão, são avatares do antigo Totem Lobo. Quando a viagem que começou no
paganismo termina e adentra no cristianismo, encontramos San Christopher (o
Portador de Chrestos/Christos) e ai reside outro mistério. Este cinocéfalo era
conhecido por Reprobus, da família dos antigos Gigantes, e o diabo foi seu
mestre, e foi assim que ele pode conhecer o Deus que exilou seu parente Caim.
Como Lupercus, ele encontra ressonância no mito da Loba que amamentou Remo e
Rômulo, cuja mãe era uma sacerdotisa de Marte, e deixou uma avatar chamada
Valéria Luperca, de natureza como a de Arádia igualmente. Uma vez que a
tradição se apresenta como uma das várias formas de stregoneria, mesmo no
Brasil, os deuses e demônios (Lobos) itálicos sempre são de alguma forma
homenageados ou chamados em nossos trabalhos. Eu particularmente gostaria de
substituir o azorrague (chicote usado nas Lupercálias), pelos ramos de Lupino
(folhas e flores), bem como colocar a flor Lupino no altar, mas a vontade para
qualquer substituição.
O que teria valor para o lobisomem seria o alimento,
comer uma carne, e ali no rito a moeda vem representar esse valor na caçada. Há
duas marchas, uma para esquerda e outra para a direta, isso simboliza a
capacidade de trabalhar com as duas vias das mãos, bem como ir e voltar do
estado de lobo. Como se sabe, uma das maldições dos lobisomens é visitar 7
igrejas! Mas ninguém revela pros de fora, que lá tomamos uma hóstia consagrada
em cada uma das 7 missas assistidas porque a maldição dos lobos é ser para
sempre os guardiães do portador de Chrestos e se tornar UM com ele. Chrestos
significa O Ungido, uma palavra escrita na porta dos templos pagãos da era
anterior aos Baptas sacerdotes de Cibele que batizavam e ungiam seus séquitos.
Joshuà foi um dos Crestos, talvez o mais famoso dentre eles.
A
maldição do Lobisomem: No rito Aukaia, tomar sete hóstias em sete igrejas é uma
linguagem mistérica, onde Hóstia significa vítima/sacrifício, e Igreja vem do
grego e significa Ekklesia, assembleia, reunião, derivado do verbo Ekkalein,
formado por Ek-, “fora” + Kalein-, chamar/clamar. Entrou em uso muito antes do
início do cristianismo. A maldição refere sete hóstias. Significa a feitura de
sete sacrifícios, ou, autossacrifício por sete vezes ao reunir sete assembleias
(Ekklesia) ou covines em sua vida antes de parar pra descansar. Também pode
significar o sacrifício das sete crianças chamadas de “vícios infantos” ou
vícios devido à imaturidade, no segundo trabalho de Lupercus, onde se deve
purificar o esconderijo do touro. Tornar sacra a imaturidade requer virtudes
específicas do labirinto do touro.
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