segunda-feira, 25 de março de 2019

A verdade sobre a Arte Tradicional e Arte Bruxa Tradicional - parte 2



Xaman Siberiana
Bruxa é um título que significa “sábia”. Bruxa é o nome que se dá ao poder que você carrega dentro de si. O poder sábio. Quer um exemplo? 
Sem estudar e sem praticar sobre chakras, experimente abrir seu plexo solar e disparar a energia sem ter controle e depois estude isso e aprenda fazer certo e dispare a mesma energia e compare os resultados. Isso foi só um exemplo. 

A ciência quântica já explicou que antes do grande boom éramos UMA só energia e depois do grande boom fomos separados em moléculas, átomos, etc... Somos UM em raiz e em cada raiz foi colocado um espírito com diversos dons diferentes uns dos outros para que possamos “depender” da ajuda alheia naquilo em que ainda não sabemos fazer sozinhos, ainda que essa dependência seja de um deus/deusa ou espíritos afins. Ninguém dá o que não tem. A semente bruxa está em todo mundo, mas só as almas pueris ainda não perceberam isso, já que uma formiga não consegue enxergar o tamanho real de um ser humano. Disso já se tratava a Tábua de Esmeralda.

A Arte tradicional e a bruxaria tradicional possuem a mesma raiz, o que muda é que quem é adepto somente da primeira não enxerga o alcance que abarca a segunda, mas a segunda abarca a primeira e ainda sobra. Uma era pagã ou cristã não muda em essência aquilo que a Arte dos Sábios (Witch+Craft) é, apenas se adapta com conceitos modernos e verdadeiramente estranhos para os antigos costumes. O poder de uma bruxa possui extensões que se esticam em relação ao uso. Por isso que há bruxas mais poderosas que outras e esse poder e extensão que eu falo tem a ver com todas as encarnações que esse espírito experimentou e usou o poder. 

Se você possui somente o poder da Astúcia (Cunning-Man), espere até terminar seu ciclo de reencarnações para saber quanto de Craft você somou e quanto Witch você se tornou. Ser um Cunning-Man não faz de você menos bruxo, ao contrário, faz de você um bruxo igual. Essa coisa de termo guarda-chuva é coisa da faculdade de Letras. A Linguagem humana é muito ampla e ela se perde em si mesma sempre que alguém quer esticá-la. Vide o caso da palavra Barbaroi, bem como as palavras que só existem em uma língua/cultura e em outra não. 


Mari - Bruxaria Basca
A relação familiar e a figura feminina como A Matriarca não nasceu na era cristã nem na época medieval, bem como o senso de irmandade. A arte se destaca com o cristianismo porque foi nessa fase em que ela também foi controlada, adaptada, mas como já vimos o cristianismo copiou o paganismo e a arte pagã é riquíssima. O não uso do círculo mágico não tem haver com o cristianismo nem se justifica nele, o círculo tem outros propósitos os quais são usados apenas em determinados objetivos. 

O próprio corpo, um atrás do outro, em danças circulares já formam um círculo. Se vocês observarem a língua gaélica, a palavra Eshu significa círculo do qual nada pode ser criado sem ele. No candomblé a palavra Exú significa esfera criadora – o qual tomamos como divindade. Ir à Deus é uma ideia estranha a arte tradicional, uma vez que Ele já mora em nós. Aliás, Nós todos somos deuses experimentando uma existência humana. Eis o mistério da queda. Todo iniciado sabe que Lúcifer não é uma entidade e sim é a nossa Consciência e nada acontece na vida de uma pessoa se o Lúcifer dela não deixa. Portador da Luz, use a esfera para criar. O próprio Namastê indiretamente já reconhece e afirma isso, quem tem olhos que veja a luz. Mas como Platão já dizia, você só pode enxergar a luz a partir da escuridão.

Na Arte tradicional não vamos à Deus, Nós reconhecemos Ele em nós. É por isso que quando você não abraça a palavra de um Iniciado você está desrespeitando O SEU DEUS interior (iguais e separados). No candomblé se ensina a humildade, mas apesar disso, poucos se comportam assim fora do terreiro. Porém não deixa de ser um exemplo. 

Ao falar com um sacerdote iniciado, bruxo, mesmo que não concorde com o que ele diz, diga obrigado e humildemente não tente provar nada a ele. O que ele pode te ensinar é mais nobre do que aquilo que você quer se fazer ouvir.

Maçons surgiram bem depois que bruxas no mundo. A Arte deles é bem diferente da Arte dos Sábios. Pra começar dos propósitos. Ainda assim são exemplo, mas não referência única para a Arte. Possuir ou fazer o dinheiro aumentar, contribuir com a sociedade e sua saúde (física/psíquica e espiritual), ampliar horizontes, bens e se organizar ou virar uma potencia sem pisar em ninguém deveria ser a Consciência de todos na Terra. Lapidar o caráter e se ajudarem uns aos outros deveria ser a meta primeva de todo ser humano, mas requer hierarquia e controle. Sabemos que uma bruxa respeita hierarquias e liberdade. 

A Arte Tradicional é Tradicional porque existe desde seu nascedouro na era pagã. As tintas ou vernizes que cada sociedade ou cultura pintou a Arte não retirou dela a tradicionalidade, desde que Arte é criação e bruxas criam, ou seja, todas as artes são tradicionais, algumas mais que outras.

Um padre que pratica a Arte é na verdade um herege. Herege significa aquele que faz escolhas. Apenas isso. Nada tem a ver com cristianismo ortodoxo ou paganismo e muito menos religião. Você pode ter uma religião como ofício e ao mesmo tempo não ser um religioso e sim um espiritualista internamente.

Pedras Furadas - da coleção do autor
A Arte tradicional está mais vinculado ao senso herético do que a religião.

Entenda a palavra Witch+Craft. Se Witch tem sua raiz etimológica na mesma palavra que deu origem à “Sabio”, Arte Sabia ou Arte dos Sábios ou Arte Bruxa ou Arte das Bruxas é a Arte Tradicional, a menos que se descubra uma palavra etimologicamente em sua raiz e essência acima da hierarquia da palavra Sábio. Então quem nasceu primeiro o sábio ou a arte? Uma só palavra para significar zilhões de coisas = Arte! Quem nasceu primeiro a arte ou o artesão? Quem nasceu primeiro o sábio ou a sabedoria, a bruxa ou a bruxaria?

O esdrúxulo é um não-bruxo ou um não-iniciado na bruxaria querer definir o que é bruxaria e o que não é bruxaria, ou melhor colocado, querer validar o que a bruxaria não é e o que ela é (sem ter conhecimento de causa). Mais esdrúxulo ainda são pessoas bruxas que a princípio se motivaram a escrever livros e ditar regras porque na época eram bruxas e agora se dizem não ser mais bruxas mas continuam lançando livros para bruxas lerem. 

Que espécie de controle que essas pessoas possui sobre você ao cagar regras pra você comer e te limitar sem te dar espaço para que a sua verdade seja tão forte quanto qualquer outra? Se a bruxaria fosse o corpo, a pele seria a arte e uma não existe sem a outra.

O termo bruxaria tradicional não foi cunhado por ninguém. O termo faz parte da etimológica Witch+Craft + tradicional/ clássico, coisa de raiz. Nem precisa ser bruxo para ler um étimo e seu significado. 
O termo passou a ser usado por Roy Bowers porque ele interpretou o étimo e foi a público com isso primeiro que os demais, mas é um termo que pertence a uma categoria que quis explicar o que era a bruxaria antes de Gardner surgir com a ideia dele, ou seja, tudo que não é wicca é bruxaria tradicional.

Sobre bruxaria estar relacionada a feitiçaria é o seguinte: Se a bruxaria fosse um arquiteto, a feitiçaria seria o mestre de obras. Entendem o contexto?

Feitiçaria tem a ver com quem sabe mexer no destino, da raiz latina Fetiche = ação sobre o futuro. Destino é pra onde você está indo, logo, futuro.

A feitiçaria se opera com uso de magia tanto quanto qualquer cabalah ou sistema mágico. Mais uma vez nomes diferentes para a mesma coisa, uma vez que a manipulação de energia está presente e isso significa magia. A arte tradicional se vale da bruxaria tanto quanto a bruxaria se vale da arte tradicional, uma não vive sem a outra, vide Riffard e a comprovação do culto Terra-Mãe há mais de 37 mil anos. Frames mudam, cultos sobrevivem porque a Arte Bruxa tem vida própria. Até mesmo a Arte Eclética deve muito a Tradicional, pois sem essa última, a primeira não teria nascido. Existe tradicionalidade até mesmo no ecletismo, é assim que se nascem os filhos com os DNA’s dos pais.

Por falar em Arte Tradicional, é necessariamente obrigatório citar a Arte Hindu sem sequer citar os anglo-saxões. O frame da Arte de uma cultura muda, mas a arte é a mesma em essência. Bruxas praticam ofícios diferentes e o Chifrudo divino esteve presente em todas.

O cristianismo pode ter dado o pano de fundo na Inglaterra, mas não corrompeu a India, nem o país Basco, e o Chifrudo existiu e existe em todos esses lugares até hoje. Ao Ler Magia Oriental de Idries Shah, a coisa fica mais clara e você passa notar que só mudou o frame, mas a essência continua.

A crença em pessoas astutas e o uso da "magia branca" para ser usada na cura e como proteção contra a "magia negra" foi difundida na Alemanha; no entanto, durante o início do período moderno tais práticas gradualmente se tornaram menos aceitas pelas autoridades, em parte porque a crença na "magia branca" era vista pelas autoridades da igreja como contrária aos ensinamentos bíblicos e parcialmente devido à perda de receitas para certos grupos, como barbear cirurgiões e médicos, como foi o caso em Rothenburg ob der Tauberem que a ação periódica foi tomada contra os usuários de "magia branca". A punição usual era o banimento, e não a execução, como era comum para outros condenados por feitiçaria e pelo uso da "magia negra".

Na Alemanha, praticantes de magia popular eram quase sempre mulheres; no entanto, em contraste, o Hexenmeister (também um termo para um bruxo) ou Hexenfinder que caçava bruxas e "os neutralizava" em nome da sociedade, era sempre do sexo masculino.

Autores como Chumbley, ao abordar o tema bruxaria, se fixou ou se limitou a cultura de seu país ao usar os termos bruxaria e criou em cima disso. Convencionou-se chamar bruxaria tradicional num país sem saber (na época) que o que é de fato tradicional em bruxaria já se encontrava em territórios orientais e outros ocidentais. 

Por ter sido mais usado o termo num determinado lugar no planeta, acabou-se por tomar como verdade absoluta que bruxaria tradicional só existia nas terras anglicanas e saxônicas. Mas felizmente hoje em dia podemos estudar a Rota da Seda e sua rica troca, saber que aquilo que entendemos como bruxaria tradicional (não wicca) já existia no oriente Chinês e veio direto para Itália, passando pela antiga Anatólia (A Troia antiga) local de encontro entre celtas e africanos, talvez isso explique como a deusa celta Brigit foi parar no Vodu como a rainha do culto afro-gaélico. A bíblia, em Gálatas (celtas) podem dar uns índices.

Muitos noruegueses e dinamarqueses praticantes de bruxaria e medicina popular teriam uma cópia do "Svartebok" (ou "livro negro"), um tomo que, segundo alguns, foi escrito por Cyprianus , que é, o Santo dos Necromantes, Cipriano de Antioquia , e por outros ter sido o Sexto e Sétimo livros da Bíblia (ou "Livros de Moisés" como o Pentateuco é conhecido na Dinamarca e na Noruega) que foram deixados fora do oficial Antigo Testamento pelo erudito para que o povo comum não aprendesse o conhecimento contido no texto. 

Um formulário encontrado em um "livro preto" recuperado de uma fazenda perto de Elverum contém muitas fórmulas como uma para uma dor de dente que comanda o usuário do encanto para escrever as palavras "Agerin, Nagerin, Vagerin, Jagerin, Ipagerin, Sipia" em um pedaço de papel usando uma caneta nova, cortar o papel em três pequenos pedaços , coloque a primeira peça no dente à noite e de manhã cuspa a peça no fogo. Isso deve ser repetido com as outras peças. Outro encantamento usado para ajudar uma mulher que está tendo um parto difícil diz usar duas raízes de lírio branco e dá-las à mãe para comer.

Existe uma velha ideia de que foi "Klok gumma", que muitas vezes foi vítima dos Witch Trials no século 17, mas isso não parece ser verdade. No entanto, algumas "mulheres sábias" e "homens sábios" foram punidos, não por bruxaria, mas muitas vezes sob o ponto de acusação de "superstição" (sueco: "Vidskepelse").

Sobre criação, ao exemplo, citaremos o compasso, por protótipo, é um frame que só existe num único local e foi inventado por Roy, logo não é tradicional e sim moderno, passou a ser copiado por muita gente subsequentemente.

Tradicional entre bruxas é a arte que subsistiu e existe em todas as culturas, até mesmo as que nunca tiveram contato umas com as outras, e ainda assim está lá, tal como Folk-Magick e o forcado que já era usado em Alba Longa bem antes de Cristo com o culto da deusa tríplice Anaia, um dos nomes de Trívia.

Do Rito Aukaia - da coleção do autor
Tradicional, por exemplo, em Stregoneria é fazer uso da magia para benefício próprio, sem esse lance ético-aristotelico de que é proibido fazer uso da magia para personal gains.

Ninguém dá o que não tem! Se sua magia não consegue te elevar, como você pretende usar ela para elevar outros que precisam de você?

Esse papo de que santo de casa não faz milagre é pura balela moderna.
Vocês precisam parar de direcionar o preconceito para a palavra bruxa, e assumirem-se bruxas de uma vez por todas, pois enquanto continuarem a negar isso, só mostram o quanto vocês estão distantes de compreender o que é bruxaria de fato!

Por Sett.




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