Nós
bruxos respeitamos muito os mortos e ancestrais, bem como nossas linhagens
horizontais e verticais e, achamos por bem dar esse arquétipo aos acéfalos que estão
desprovidos de reverencia e respeito para com a diversidade intelectual,
esotérica, religiosa e espiritual.
Se
fossemos dar credito a uma acusação toda vez que alguém se levanta para tal,
não seríamos quem somos. A história da criminologia está recheada de gente
poderosa politicamente, cometendo injustiças com as próprias mãos enquanto se
vale da lei do mais forte. Mas a justiça nem sempre está do lado do mais forte
porque força não é sinônimo de justo, quicá de “músculo intelectual”. Seria preciso citar a disciplina de Cifra Negra para provar que TODOS de alguma forma comente algum tipo de crime (mesmo que invisível se pareça)? Ninguém está acima do Sol e Nemesis. Até mesmo os mais virtuosos possuem falhas. É por isso que a palavra "Perfeito" signifca "para ser feito", trata-se de um trabalho constante de vigília, autocorreção e forja do caráter.
Ultimamente
tem-se balizado em meios esotéricos uma acusação universalmente infundada
acerca da integridade de Elena Petrovna Blavatskaya.
Nós
que não somos adeptos das doutrinas aderentes dessa ilustre escritora, no
entanto, lemos e estudamos suas obras como qualquer outro livro de pesquisa e,
constatamos que qualquer pessoa sem erudição é capaz em uma simples
investigação, valer-se do processo indutivo e também do contraste e análise da
vida, caráter e comportamento dessa mulher ímpar.
A
conclusão de que o embuste de tal acusação não passa de uma perseguição
esfaimada e difamatória por parte de um espírito obcecadamente destinado a
destruir a imagem dessa douta senhora é simples de se comprovar e somente os
moucos acreditam na falácia engendrada por esse espírito de sobrenome Emmete.
Elena
deixou inúmeras provas atestando que o material produzido era realmente dela, tais
como inúmeras cartas com coautores de filosofias diversas, bem como
orientadores e mestres numa época em que as ideias semelhantes foram desenvolvidas,
anotações e versões inacabadas, pessoas do seu dia-dia que foram testemunhas
vivas dos inúmeros desabafos e reflexões acerca dos mistérios compreendidos por
ela oriundos de professores, registros de diários os quais se apresentam sendo
de sua autoria, pois revelam a evolução do raciocínio construído, inclusive registros
de pensamentos por parte de tradições orais que ela recebeu e que anotou para
compor e organizar posteriormente seus pensamentos e suas obras. Não há nada de
novo debaixo do Sol, tudo é ensinado e transmitido, moldado, copiado, anotado,
e principalmente, quando se trata de uma tradição recebida costuma-se passar
ela para frente do jeito em que recebeu, inclusive as lições, verbetes,
anunciados, orações, expressões, etc. Se isso é plágio então todas as religiões
do mundo se plagiaram umas nas outras.
Para
encabeçar, se ela plagiou, então podemos afirmar de igual forma que o
Catolicismo plagiou a cultura espiitual etrusca e a ideia do pecado que já
estava registrado nas 42 leis de Maat no antigo Egito, ou ainda, podemos afirmar
que o Candomblé plagiou a antiga cultura Semítica dando cara nova a ela. O
plagio teria então ocorrido através de seus autores orais. Pois bem, sabemos
que não se trata de plágio em nenhum dos casos, inclusive no caso da Elena, até
porque, é fato notório que em se tratando de misterios antigos e esoterismos
todos os livros antigos a que se possa ter consulta não resta autor, mas sim um
nome que representa diversos autores, como no caso de Hermes Trimegistro,
figura que nunca existiu, mas que é ponto chave em todos os compêndios hermeticamente
construídos para iniciados, não para as massas. Blavatsky não era racista nem
fascista muito menos nazista. Ela tinha amigos de todas as culturas, cores e
tradições religiosas/espirituais. Suas atas, suas cartas e imagens ao lado
dessas pessoas estão expostas na internet e não nos cabe mostrar aqui, bastando
uma rápida consulta se acha esses documentos tanto na internet em inglês quanto
em qualquer língua e país. Sua filosofia esotérica a respeito das origens do
ser humano partilha integralmente com o pensamento tradicional das diferenças
de espíritos, não de cor da pele. Esse mistério só pode ser compreendido dentro
de um contexto iniciático, não fora dele, até porque, existe um antes e um
depois a ser treinado para a correta compreensão dos termos e dos mistérios. Esse
assunto não pode nem deve ser julgado por não-iniciados e isso deve ser
respeitado.
Em
outras palavras, para quem conhece suas obras e sua vida a fundo mais do que eu,
não gastará muito tempo para desmascarar as acusações de plágio oferecidas por
William Coleman Emmette, o espírito obsessor.
Primeiramente
só há que se falar em plágio quando se pretende receber indenização ou por força
das regras da sociedade e da lei dar oportunidade para que se corrija a obra. Em
nenhum caso se verifica a oportunidade de trazer um morto de volta a vida para
que tal ato se cumpra. Em segundo lugar é pouco ou quase nada virtuoso acusar
uma morta que não está aqui para se defender. Tal acusação é pura falta de
respeito para com os mortos e de um mal caratismo sem tamanho.
Entretanto,
vamos demostrar aqui algumas fontes de seus escritos, bem como os objetivos dessa
mulher erudita que deixou um legado riquíssimo à sua posteridade, removendo por
completo as acusações oriundas do reverendíssimo besta, também conhecido como
amigo do alheio, insidioso e mouco.
Madame
Blavatsky como ficou conhecida tinha o objetivo de estudar e pesquisar para
compreender e desvendar os mistérios por trás da sabedoria. Ela não era
obstinada a criar uma religião como Kardec foi, então demonstra-se pouco provável
que ela tenha plagiado Alan Kardec e outros autores.
Sua
acirrada pesquisa se deu em todos os lugares por onde ela viajou, diferente de
Kardec que quase não explorou o mundo em campanhas de pesquisas. Realizou
contrastes de pensamentos, evoluindo seus aprendizados e claramente sua intenção
era deixar registros para serem consultados pelo mundo ocidental.
Kardec
tinha um dom mediúnico e outra linha de raciocínio mediúnica, bem diferentes
dos dons mediúnicos da autora, mas ainda assim mediúnicos, portanto as trocas
de leituras eram equidistantes e equivalentes à matéria mediúnica onde ambos “canalizavam”
sem autores. Isso se soma tanto em predominância quanto em contrapartida filosófica
numa época onde autores desse dom eram raros e poucas referências bibliográficas
de espiritismo haviam para serem consultadas por ambas as partes, portanto,
coisa comum entre dois ilustres médiuns que viveram quase na mesma época, e que
tinham total liberdade para adotar os pensamentos uns dos outros, se é que isso
ocorreu, haja vista que não passam de especulações.
Blavatsky
contribuiu com o sagrado feminino. Revelou segredos que o kardecismo nunca
apresentou.
A
produção literária da autora é invejada até hoje e por isso mesmo causa os
vários objetos de críticas. Madame Blavatsky teve contato e amizade com Albert
Rawson, Paolos Metamon, Morya, Herrick, Penn, Newman, Kut Humí, também com o
cabalista polonês Max Théon, entre outros nomes ilustres da época. Ela nunca
afirmou ser dona de todos os pensamentos que ela demonstrou em suas obras, mas
se alguém ainda quiser fontes, basta saber com quem ela andava e o que ela leu.
As principais fontes de interesse dela foram os mistérios gregos, coptas e
drusos (com escolas mistéricas de ensinamentos bem mais profundos, tradicionais
e mais interessantes que o Kardecismo).
Ela
reuniu um compendio de ensinamentos e viajou para o Oriente Médio, estudou com
os Hindus e brâmanes, viajou para os Balcãs, Grécia, Egito, Síria, Florença,
Constantinopla, Tibete, Chipre, permaneceu um tempo no mosteiro de Tashi lhunpo
em Shigatse, a sede do Panchen Lama, foi para Transilvânia, Sérvia, se reuniu
com os Carbonaros da Itália, e até mesmo apoiou as tropas de Giuseppe Garibaldi
entre outras coisas. Ela buscou conhecimento. Ela deixou um legado que ela
reuniu.
Em
1872 ela fundou a société Spirite, a qual incentivava médiuns espíritas
apoiando a causa de Allan Kardec, (e não contra ele) e, essa experiência para
ela foi tão frustrante que ela logo abandonou a ideia de apoiar a causa como
foi revelado nas cartas da família onde ela demonstra estar desolada com os
participantes desse grupo, dentre os quais alguns fingiam ser médiuns, enquanto
outros eram alcoótras, ladrões e afins. Como o grupo não prosperou com os
objetivos do início, ela retornou em julho de 1872 para Odessa e, na primavera
de 1873 o seu mestre a instruiu viajar para Paris e depois para Nova Iorque.
Eu
não vejo nada de Kardecismo nos ensinamentos da Madame, somente vejo ciência,
religião (que contem rituais do tipo casamento) e filosofia, também vejo
filosofia oculta e práticas de mistérios antigos, senão vejamos:
“A existência de um
Princípio onipresente, eterno, ilimitado, imutável, insondável, impenetrável à
razão humana e além do próprio âmbito do pensamento. É a realidade absoluta que
existe antes e além de toda manifestação, é a causa eterna de todas as coisas,
sua fonte e destino último. Este Princípio, que os gregos chamavam de Logos, os
ocidentais chamam de Deus e os hindus de Parabrahman, não possui atributos e não
pode ser descrito de qualquer maneira concebível; é a Causa sem Causa, o
Absoluto da metafísica. A primeira manifestação objetiva desse Absoluto é uma
dualidade: Espírito (Purusha para os hindus) e Matéria (Prakriti para os
hindus), que juntos formam a base de todo o ser condicionado. São apenas
aspectos do Absoluto, e não realidades independentes, e em relacionando-se com
a sua fonte formam a primeira Trindade, que antecede o cosmos e é a
inteligência-consciência que guia toda expressão objetiva ulterior. Na relação
entre Espírito e Matéria aparece outro elemento, Fohat, ou Segundo Logos, que é
a própria Vida, uma energia dinâmica pela qual a ideação espiritual se imprime
na matriz substancial sob a forma de leis da natureza. Consequentemente, do
Espírito ou ideação cósmica procede a Mônada humana, e da Matéria ou matriz
substancial emergem todos os corpos manifestos onde a inteligência única se
individualiza e pluraliza”.
As
fontes de seus escritos são lições embutidas nisso:
Na
Gnose, com as obras de Simão Mago; no Misticismo, na Magia e Alquimia medievais
e renascentistas de Paracelso, Jacob Boehme, Mestre Eckhart, Van Helmont e
Robert Fludd; o Hinduísmo com suas várias escolas, destacando-se as obras
clássicas dos Vedas, os Upanishads e o Bhagavad-Gita; o Budismo Mahayana; na
Cabala, especialmente através de Eliphas Levi; a Maçonaria; o Espiritismo; as
mitologias de todo o mundo; a literatura patrística de Justino, Ireneu de Lyon,
Tertuliano, Eusébio; a produção científica de seu tempo; Platão e os
Neoplatônicos Orígenes, Porfírio, Plotino, Amônio Sacas; os clássicos como
Plínio, Ovídio, Homero e Josefo; os Herméticos; os Rosacruzes; o
Zoroastrianismo; a tradição caldéia; a literatura judaico-cristã incluindo a
Bíblia, o Zohar e o Talmude; a tradição árabe-sufi, entre tantas outras
referências.
Até
mesmo Carl Jung disse que ela foi o profeta da reorientação espiritual do
ocidente.
Enquanto
Ellwood & Partin vêem a contribuição de Blavatsky como de grande
importância na restauração da dignidade da herança espiritual dos povos
colonizados da Ásia durante o século XIX;
Catherine
Albanese disse que o vocabulário técnico e a interpretação peculiar das
doutrinas asiáticas que Blavatsky apresentou deram as bases para o
desenvolvimento de todo o sistema de pensamento metafísico na América do Norte,
um fundamento que continua válido até os dias de hoje e influencia também os
pensadores asiáticos e europeus modernos;
Ellwood
& Wessinger dizem que ela fortaleceu significativamente o movimento
feminista, legitimando a atuação pública e a liderança das mulheres na
sociedade e não fazendo distinções valorativas de gênero;
Olav
Hammer acredita que mesmo que as escolas herdeiras da Teosofia de Blavatsky
tenham se revelado muitas vezes inconsistentes e sem um sistema realmente
integrado ou lógico de pensamento, e que a própria Teosofia original também
tenha falhas nesse aspecto, seu legado é importante para a pós-modernidade em
vista da apropriação da alteridade exótica para formar um corpo de conceitos
identitários coletivos, e se revelou útil para a Psicologia na dissolução das
barreiras do ego privado em benefício de uma visão de integração social e
respeito à pluralidade, evitando ao mesmo tempo as armadilhas do relativismo
niilista ao afirmar a fraternidade da humanidade, a unidade essencial de todo o
universo e sua evolução positiva.
Luís
Pellegrini afirma que ela foi uma pioneira no estudo científico moderno das
inter-relações entre matéria e energia, postulando vários conceitos em que
apresentava a possibilidade da divisão do átomo, descrevendo o processo de
liberação de energia concomitante, e alertando ao mesmo tempo para os perigos
que a manipulação da estrutura da matéria acarretava, isso décadas antes das
primeiras bombas atômicas explodirem em Hiroshima e Nagasaki.
Também
antecipou ideias sobre a Física Relativística e a Astrofísica ao tratar da
teoria dos campos de força, tanto cósmicos como infra-atômicos, ao sugerir uma
hipótese semelhante à do Big-bang para a criação do universo e descrevendo
corretamente o processo de formação de estrelas a partir de nebulosas.
Nandy
& Visvanathan lembram que ela anteviu as possibilidades da Psicologia e da
Psicossomática dizendo que os médicos de seu tempo perdiam tempo em buscar a
origem das doenças exclusivamente no corpo físico, e que o segredo da Medicina
estava na compreensão do funcionamento da mente e das suas relações com o
corpo.
Anna
Lemkow a aponta como a primeira ocidental a dizer que a matéria não é coisa
morta e inerte, como a pioneira do estudo da Biologia dentro de uma perspectiva
cosmológica e a precursora da teoria moderna do Design Inteligente e do
Movimento Holístico.
Talbot
Mundy em 1926, então uma espécie de decano dos escritores de literatura
orientalizante, disse:
“É
absolutamente garantido dizer que todos os críticos de Madame Blavatsky, não
esquecendo nenhum deles, por mais inteligentes que sejam, mesmo se trabalhassem
todas as suas vidas e aplicassem todos os seus esforços e inteligência, não
seriam capazes de produzir uma obra-prima como A Doutrina Secreta”
Pois
é, quem somos nós na fila do pão?
Por
fim, ela mesma escreve:
“Fiz
apenas um ramalhete de flores do Oriente, e não acrescentei nada meu senão o
laço que as amarra. Alguns dos meus amigos poderão dizer que não paguei todo o
preço por esse laço? - Helena Blavatsky, Ísis sem Véu, vol. I, p. 42
Sérgio
Luís de Carvalho, escritor Português conta, que a palavra aberrante (anormal)
vem do latim aberratio e, entre os romanos designava quem andava sem destino.
Podemos considerar que as acusações contra Blavatsky foram elaboradas por um
aberratio que nutria invídia pela escritora, uma vez que ela criou seu próprio
destino.
As
acusações de William Coleman Emmette foram verificadas e, estão expostas também
na internet para qualquer exímio consulente que se preze pesquisar. As conclusões
de William foram contestadas como
mal documentadas e tendenciosas, incluindo a alegação de sua titulação acadêmica
restou ser falsa.
Por
tanto, a apreciação das acusações feitas por esse Onagro não merece prosperar
em quaisquer apontamentos, haja vista que partiram de uma mente cuja
personalidade sevandija desmerece respeito ou admiração.
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