Alguém aprendeu a ser livre e agora
quer estar preso de novo?
Não se preocupe. Papo de cabresto é
sempre papo de alguém que quer te controlar. Esse é o mesmo papo chato dos evangélicos e de gente que faz proselitismo.
Mas...como disse Aradia...
...Liberte-se da opressão.
Você não tem o porquê de sentir
vergonha em ser livre, porque ninguém pode te impedir de ser livre.
Sem apegos, (Ap-ego).... percebeu?
O problema é quando você nota que eles
vivem mais dentro de você do que você mesmo. Então preste atenção.
Todo mundo que lhe trouxe sofrimento,
também lhe trouxe algum momento de felicidade e aprendizados. Tudo nessa vida é
aprendizado e, quem está acorrentado aos seus pés sempre pode lhe proporcionar
momentos de dança.
Uma bruxa inteligente me disse uma vez
que estamos acorrentados na terra, mas queremos asas para voar e é por isso que
temos a vassoura como o nosso símbolo phálico de liberdade. O processo é o
mesmo da libertação. O deus das bruxas liberta! A terra é a nossa nutrição, mas
os sonhos é a nossa alma, é o vento indomável. Se você parar de sonhar com as
asas, deixará de existir a liberdade e não há hierarquia para a liberdade. Religiões nutrem hierarquia, bruxaria não.
E não é incomum ver bruxas por ai confundindo religiões com bruxaria.
But the way.....A liberdade anda em pé de igualdade.
Veja só, o único animal que sente
angústia é o ser humano, todos os outros estão plenamente satisfeitos com o que
são. Isso é o processo do pensar, é a maldição dos animais inteligentes.
Quando um ser humano está descontente,
ele sente vergonha do outro e se afasta para ser livre da vergonha, mas no
fundo ele não está livre da vergonha pelo afastamento do outro, pois a vergonha
mora dentro dele, é um processo de sombra Junguiana.
Eu gosto muito dessa história que vou
narrar.
Uma vez um homem, um grande homem,
lutava pela liberdade, estava viajando pelas montanhas. Ele passou a noite num
caravançará e ficou encantado ao ver ali um papagaio numa gaiola de ouro e que
continuamente repetia:
“liberdade! Liberdade!”
E o lugar era de um jeito que, sempre
que o papagaio repetia a palavra “liberdade!”, ela ecoava pelos vales, nas
montanhas.
Então o homem pensou: Já vi papagaios
gostar de ser livre, mas nunca vi um papagaio que passasse o dia todo, de manhã
até a noite, na hora de dormir, gritando por liberdade. O homem teve uma ideia.
No meio da noite, ele se levantou e abriu a porta da gaiola. O dono do pássaro
dormia profundamente, então, o homem cochichou para o bicho, “saia agora”.
Mas ele se surpreendeu ao ver o
papagaio grudado ao poleiro, então ele continuou a falar com o papagaio “pode
sair! A porta está aberta e seu dono está dormindo! O céu é todo seu!”.
E o papagaio continuava grudado no
poleiro. Então o homem disse: “qual é o seu problema? Você é louco”?
Ele tentava tirar o bicho da gaiola e o
bicho o bicava enquanto gritava “liberdade! Liberdade”!
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Coven dos Papagaios |
Os ecos se espalhavam pelo vale noturno
e o homem teimava em arrancar o papagaio da gaiola, o bicho feria sua mão
bravamente e o homem só se satisfez quando conseguiu lançar o papagaio para o
céu, e foi dormir.
Na manhã seguinte, quando o homem
acordou ouviu o papagaio gritar “liberdade! Liberdade”! Ele achou que talvez o
papagaio estivesse empoleirado num galho de árvore, mas quando foi olhar viu
que o bicho estava dentro da gaiola com a porta aberta.
A moral dessa história é muito simples.
Você pode gostar de liberdade, mas a gaiola sempre lhe proporcionará certa
proteção e segurança. Na gaiola, o papagaio não precisava se preocupar com
comida, nem com os predadores, nem com coisa alguma. A gaiola é aconchegante, é
feita de ouro. Nenhum outro papagaio tinha uma gaiola tão valiosa.
E assim é com o seu poder, com o seu
controle das coisas, com sua família, com suas riquezas, o seu prestígio, essas
são as suas gaiolas.
A liberdade é perigosa, porque ela não
dá garantias, não dá proteção nem segurança.
Liberdade significa andar no desafio
abrindo o próprio caminho e a todo instante haverá um novo desafio, às vezes
fica quente demais, às vezes fica frio demais.
A liberdade significa uma enorme
responsabilidade, você está por sua conta e risco.
Uma vez disse Rabindranath:
“A libertação é tudo o que desejo, mas
tenho vergonha de esperar por ela, Tenho certeza de que há em ti um tesouro
inestimável e que és o meu melhor amigo, mas não tenho a coragem de varrer a
quinquilharia do meu quarto”,
e ele está certo. Você não deve esperar pela liberdade, você deve promovê-la
agora!
Porque não é uma questão de esperar, é
uma questão de assumir o risco, desapegando-se de sentimentos fúteis e coisas
fúteis. Para viver em liberdade, você pode aprender a se contentar e se
contemplar primeiro na solidão, sozinho. Você deve se sentir bem consigo mesmo,
sozinho. Quem não consegue viver sozinho, também não consegue viver com alguém.
Você pode estar certo que no mundo da
liberdade existe um tesouro inestimável, mas essa certeza também é uma projeção
do seu desejo, da sua expectativa. Então, você gostaria de estar certo. Você
quer trocar um valor por outro do mesmo naipe.
Mas com a liberdade não se barganha,
você tem de dar o salto rumo ao desconhecido, porque toda certeza também é uma
gaiola.
A palavra razão vem do latim ratio e
significa sugestão, cálculo, suposição. A razão nunca foi certeza e estar certo
não tem nada a ver com estar com a razão. Você pode guiar sua vida sem
norteá-la com a ideia do certo e do errado, isso não existe de fato, não existe
o certo/errado. Existe o que tem de ser feito.
É por isso que há tanta confusão entre
amor e ódio no mundo. O amor e o ódio são a mesma energia, mas você teme o ódio
porque nunca ninguém lhe ensinou sobre ele. É por isso que o ódio é uma energia
poderosa e assustadora, enquanto que o amor caiu na banalidade da boca do povo.
Já percebeu que todo mundo hoje em dia afirma que ama você? Mas será que ama
mesmo? Essa lição está fora do Coven do Papagaio.
Para aprender sobre liberdade, você
deve aprender sobre o ódio, desde que sem conhecê-lo, você também não poderá
conhecer o verdadeiro amor.
Assim, comece sua liberdade se tocando
com as mãos e dizendo “eu me amo”, e se valorize. Depois se desapegue de tudo
que não te serve mais, roupas, objetos, pessoas que já cumpriram seu papel na
sua vida, etc, e dê um novo passo para frente. Se nada é igual, também nada é
Uno, você não tem de se manter grudado em alguém ou numa única ideia, pessoa,
filosofia, etc.
O mundo é plural e é essa pluralidade
que nos une. Se há o Uno tenha certeza que a união se encontra na pluralidade
das coisas e ali há espaço suficiente para que você permita que o outro também
siga o caminho dele como bem entender.
Lembre-se: O homem que
a dor não educou será sempre uma criança. É por isso que a bigorna dura mais
que o martelo.
Fizeram o que fizeram com você?
Não se preocupe. No final das contas
isso é entre eles é o deus deles, a regra-gaiola.
Nunca foi entre você e eles, muito
menos entre você e o deus que habita neles.
E assim, há os que cultuam o cabresto,
e há os indomáveis.
Ninguém uiva por você!
Sett Ben Qayin