sábado, 7 de março de 2015

O GRANDE VAZIO

 
Quem tem medo do Nada? 
De repente tudo esta se esvaziando para você?
Isso pode ser aterrorizador e te desorientar por um instante, mas calma, um mestre só pode ser mestre se ele for mestre de si mesmo, se conhecendo.

A verdadeira liberdade se vive quando não se está apoiado em nada nem a ninguém, nem mesmo em qualquer sentido de direção.

Uma das coisas mais belas que aprendi foi tentar não controlar o destino, mas sim compreendê-lo e mudá-lo no que for possível. Digo isso porque nosso livre arbítrio deve ser exercido, apesar de limitado.

A ideia de Deus ou Deuses é a que eles querem que sejamos nós mesmos e, eles existem através de nós e do todo. Mas espere ai, eles não querem nos controlar, eles querem que exerçamos nossa parcela de livre arbítrio.
No entanto, alguns círculos da Arte não valorizam se você é ou não é do sangue, eles valorizam o “faça o que fazemos”, impondo dogmaticamente e doutrinariamente sua vontade vai se perdendo ou deixando de existir, para dar lugar à domesticação. Se você contrariar isso, você tá fora e ai, o desprezo lhe cai bem (infelizmente).

Os escolhidos, os esnobes da arte, ou a ideia de separativismo, egoísta e sem propósito, andam na contra mão da “iluminação” dessa gente que se apresenta como deus que controla seu destino ou opina drasticamente no resultado do que pode ou não na Arte. A liberdade não mora nisso, mas a cama de Procusto mora. Quem não conhece o mito da cama de Procusto pode procurar na internet.

Então veja: O nada é o estado de todas as possibilidades, uma vez que tudo é impermanente, são todos os potenciais.

Escolher o que você vai fazer com o nada é uma imensa responsabilidade, por isso algumas pessoas preferem ficar no silêncio e em reflexão até que a inspiração lhe advenha através de sua Musa.

No mergulho entre a expiração e a inspiração está guardado o tesouro de cada momento, pois alguma coisa sagrada está para advir.

A escuridão dentro de você pode lhe fazer insignificante. Mas todo mundo pode superar esse insignificantismo, desde que é a partir das trevas que se pode ver a luz.

Dois exercícios bons para transformar essa situação são:

Pegue um balde cheio de água e mergulhe seu braço lá dentro. Agora puxe para fora e olhe o buraco que sobrou. Esse buraco é o tamanho da sua importância.
Mas não há nenhum buraco ali. Esse é o tamanho de cada pessoa, é a importância de cada pessoa.

Por isso lembre-se: todos são iguais e ninguém possui mais nem menos importância que você. Basta que você pare de se dar demasiada importância acima dos outros e se nivele ao que cabe a cada semente.

O segundo exercício é:

Veja aquela pessoa intocável, que lhe parece imensa, veja-a sentada no vaso sanitário, pelada. Ali mesmo, diante de sua necessidade cada pessoa é e passa pelas mesmas situações que você. Ninguém é intocável, ninguém é imenso e nenhuma verdade é melhor ou pior que a outra. Note os cálculos diversos usados na Arte. Existem tantos cálculos, tantas equações. Uma equação exibe o ano de Marte, outra exibe o ano de Vênus e assim por diante. Não interessa qual é a melhor nem qual é a mais tradicional. Se você não é capaz de respeitar a Arte alheia, não pode respeitar nem mesmo a sua.

Você quebra a intocabilidade dessas pessoas quando você as vê como um comedor de arroz e feijão e essas pessoas são trazidas para o mesmo tamanho que qualquer outra possui. Para ser uma bruxa não importa observar o que uma bruxa faz, mas sim importa ser a bruxa.

A palavra bruxa em inglês é Witch, que significa sábia. Eu já fiquei admirado em ver uma bruxa chamando atenção de outra só porque essa outra se via como uma sábia. Na verdade a primeira tentava reduzir a segunda sem compreendê-la. Então sem a compreensão, como pode ser a primeira, uma sábia?  Mesmo assim, a segunda não diminuiu a primeira, não julgou-a.

Uma bruxa (a sábia) é sábia de sua Arte, de uma tradição, não é sábia da vida, mas da morte, haja vista que a morte é uma das verdades perenes e é a dona do mistério do Deus Chifrudo das bruxas. Acho até engraçado algumas bruxas desprezarem os homens, mas quando a água bate na bunda corre nos pés do Deus de chifres para pedir ajuda. Oras, ninguém chega na Deusa senão passar pelo deus antes. Ela é a vida, Ele é a Morte.

allium nigrum
Cabe a cada um ver as cores reais, sem o verniz, sem as tintas da sociedade, sem o semblante, sem o espelho do falcão que se quebra com o allium nigrum.
Quando foi a última vez que você se viu sorrindo de verdade?
O que realmente pode retirar sua alegria de viver?

Enquanto algumas pessoas nos tentam transformar em animais para que se possa domesticá-los, alguns animais se transformam no divino e se libertam das teias e das cadeias. Esse é um dos mistérios dos Lobos. Bruxas que se mudam em lobos compreendem isso.

Livre-se das teias que te amarram, livre-se dos ‘nós’ antes de tudo, pois ‘nós’ é uma palavra de junção, mas ninguém pode se juntar antes de ser um indivíduo inteiro e, quem se aparta da sua presença é como um bambu rachado, não está inteiro.

Um dos ditados da Stregoneria é: “somar sempre, subtrair nunca”.

O arco-íris nos ensina que essa soma é plural.

O arco-íris é uma junção de cores que andam na mesma faixa e, ainda assim, não existe um só arco-íris e mais, nenhum é igual ao outro, mas todos nascem dos céus e tocam a terra.

Portanto, aquilo que cada um encontra no fim do arco-íris é o nada do grande vazio, e ali, residem todas as possibilidades, todas as potencialidades, porque criar é natural de qualquer bruxa ou bruxo e não se deve ter vergonha de ser bruxo (sábio) ou bruxa (sábia).

Desligue as cadeias da opressão e mergulhe no grande vazio das potencialidades, pois nesse mundo de “demiurgos” tudo o que se cria ou se constrói é reflexo do divino.

Sett Ben Qayin












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