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terça-feira, 6 de novembro de 2018

As Desditas da mordida de Eva




Eve Tempted by the Serpent, by William Blake
Uma pessoa Lúcida é uma pessoa que despertou Lúcifer (metaforicamente portador da luz/mente iluminada/com lucidez) uma vez que a reencarnação é nada mais nada menos que a queda de cada um de nós seres de luz com nosso estado mental apagado no sono do materialismo para que possamos acender a luz novamente de acordo com nossa vontade e capacidade durante os vários egressos. As Stregas sabem bem disso! Cultivar a lucidez é um culto a Lúcifer e esse foi o segredo da maçã dada a Eva. Desculpe te desapontar mas Lúcifer não é uma “entidade” e sim a consciência luminosa que cada um possui, logo, somos todos Lúcifer, somos todos caídos. Alguns conseguem acender sua luz, outros procuram a igreja e isso divide nossa etnia espiritual.

A etnia espiritual é situada na divisão entre quem acende e quem não acende sua luz/consciência.

Nossa mente é quem faz as cobranças que causa aquilo que adoece, não Deus! Não o Diabo! Mas seres humanos precisam de nomes para ter domínio (ou justificativa) sobre aquilo que desconhece e tacar a “culpa” em alguém, então o “culpado” seria Deus – que criou tudo.

Percebem como ao se trabalhar com a teoria da culpa só nos leva aos divãs dos psicoterapeutas/psicólogos/psiquiatras? – (na falsa tentativa de encontrar Lucidez ou controle, uma vez que, só um bruxo faz outro bruxo, enquanto que um terapeuta faz um paciente).

Com esse artigo queremos incentivar nossos leitores abrirem a mente, expandir a consciência, progredir no caminho evolutivo, para que não haja punições posteriores vestidas de cobranças egoicas. Sabemos que não devemos julgar alguém. Julgamento é aquilo que traz sentença/autopenação/punição. Sabemos que não se pode estimar alguém pelo que a pessoa passou e sim pelo conhecimento que ela adquiriu ao ter passado pelo que passou, é pra isso que as ordálias nascem, pra te desafiar e te fazer crescer. Sabemos que as pessoas se desentendem somente para depois se reconciliarem, mas isso só ocorre quando depositamos no labirinto aquilo que nos fez desentender, em troca da Lucidez.

A mente é um labirinto, o qual sempre revela um canto ainda não explorado, um canto que causa medo (FOBOS) ou nos força permanecer no ponto de conforto que por sua vez são os cantos já explorados e seguros por serem já conhecidos. Isso fica evidente durante o segundo trabalho de Lupercus com a administração do Touro, cuja ausência de habilidade na percepção do amuleto de Dédalo pode nos levar a perdição dentro do “Lapi Ro Hunt” (LABIRINTO), local conhecido como recinto para as danças cerimoniais de Ariadne, é um local conhecido como perdição e salvação! É nesse recinto que a troca acontece.

Fobos leva ao erro, que leva ao descuido, que leva a paixão, que leva ao deslumbre, que leva a brincadeira e termina na vontade e essa última criança é o que nos resta compreendido como sendo o tal famoso “livre-arbítrio”. Nesse labirinto encontra-se nosso verdadeiro adversário. Para quem tem o mínimo de conhecimento sobre a sombra, os irmãos Fobos e Lupercus, ambos filhos de Marte, se encontram aqui para o segredo da grande comunicação do domínio/troca/sacrifício das 7 crianças e assim dar sequencia ao próximo labor.

Esperamos que a maior parte de nossos leitores sejam adultos o suficiente para perceber que Lúcifer, o Portador da Luz, ou Lord Lumiel, como é conhecido na tradição esotérica, não é o Satanás Cristão, embora seus mitos se sobreponham e tenham sido confundidos através das eras. O mito da expulsão de Lúcifer do Céu dada à recusa em se curvar para criação de Yahweh, foi distorcido pelas primeiras Igrejas. Eles costumavam criar um truque satânico para assustar o povo rural que ainda adorava os Deuses Antigos para convertê-los e controlar seus próprios seguidores através do medo.

Em uma versão da sabedoria Cabalística, Lúcifer é ligado à humanidade desde que ambos experimentaram uma queda; ele, do Céu e nós, do Paraíso. Lúcifer foi retratado de acordo com sua mitologia, não como o Diabo, mas sendo conhecido como o adversário ou desditas do gênero humano. Ele nos relembra da razão de estarmos aqui e assim atua como uma medida psíquica de redução do ego para os cabalistas. Bem, cada escola tem sua medida e método de redução do ego.

Essa estória de que Lúcifer haveria caído para a Terra para 'atormentar seu povo' e de que ele teria 'travado uma guerra constante conosco' inocentemente compra a propaganda da Igreja, confundindo o Portador da Luz com o Satanás Cristão. Isto é ligeiramente reclamado através de sua referência a uma versão do mito Cabalístico que liga Lord Lumiel à expulsão de Adão e Eva do Jardim do Éden. Esta relação é fortalecida pelo fato de que a serpente no mito edênico era Lord Lumiel disfarçado. Seu objetivo era o de iluminar os primeiros humanos para a verdadeira natureza do universo, que deliberadamente estava sendo bloqueada deles por Yahweh. Como Lord Lumiel busca a redenção e restauração de seu legítimo lugar na ordem cósmica, da mesma forma os humanos que despertaram do sono do materialismo em busca da evolução espiritual para escapar do ciclo da morte e renascimento e alcançar a união com o Godhead (literalmente, Cabeça de Deus) – a meta última do caminho mágico.

Felizmente, para resolver esse conflito entre filho e pai (Lúcifer e Yahweh) dentro de nós, temos um ritual bastante terapêutico o qual Cornelius Agrippa deu as chaves quando afirmou “O semelhante está em outras coisas, as quais afetam a mente com um forte desejo!”. Ele falava aqui do desejo criativo da mente (Nous) do homem. A faculdade que torna possível o vínculo do celestial ao infernal, mas para que isso possa ser efetuado precisamos trabalhar na corrente da analogia e simpatia, em ressonância com a Terra e o que pode despertar os Mortos Poderosos da própria Terra.

Contudo, antes de se alcançar isso, deve-se conseguir primeiro nos relacionar bem com nosso sangue ancestral, e aqui mora mais um segredo, o que os sábios gregos e goes chamavam de Katharmoi, ou purificações.

Antigamente essas purificações eram feitas com orações e água. Mas hoje isso se soma, inclusive, ao fato da deficiência ou estado disfuncional de co-dependencia social que leva ao bode expiatório tão bem conhecida na linguagem da psicologia e psicanálise Lacaniana, mas também conhecida da linguagem vulgar.

O homem moderno tende a julgar facilmente e se recusa tomar responsabilidade por suas ações. Frequentemente se ouve dizer que fizeram o que foi feito por causa de outra pessoa. Quantas vezes não é culpa da própria relutância em se resolver as complicações relacionadas a um pai abusivo ou uma mãe insana? Ao invés de entender como esses fatores potencialmente maléficos contribuíram às ordálias que lhes capacitaram a alcançar seu  potencial, o homem vulgar vê a ordália como obstáculo.

A seguir você resolverá o conflito não só entre filho e pai (Lúcifer e Yahweh), mas também entre todos os seus adversários interiores, o que ocasionará o reflexo disso do lado de fora, inclusive.

Então faça uma lista dos seus ancestrais e um poema que celebre cada um deles, traçando o máximo de gerações que conseguir. Sim, os pais abusivos merecem um poema, bem como todos os seus eleitos inimigos, todos por igual. Você pode simplesmnete recitar o Ho’oponopono se acaso não conseguir fazer a lista da maneira bruxa, porque dá no mesmo, ou você pode ir participar de uma sessão de espelhamento ou como é conhecido na psicanálise, uma sessão de Constelação Familiar. Eu particularmente ainda prefiro os métodos bruxos.

Mesmo uma mãe má teve um útero que o trouxe a vida! Comece com o útero divino que tornou possível a sua vida. Perdoe, elogie, veja algo de bom naquilo que você só julgou maléfico até agora. Pare de julgar. Agradeça. Cante. Dê louvores. Faça poemas, hinos e encantamentos. Enfeitice-se com a energia clara e cristalina do alívio e da lucidez, funda-se com o todo e torne-se UM com o todo. Perdoe a sua própria ignorância e a deles, Una-se a fundição na forja de Cain ou na forja dos Metais de Vulcano e faça a alquimia acontecer.

Os desentendimentos são parte da grande dança de Ariadne e tem seu papel fundamental na grande obra, pois sem isso não haveria reconhecimento e empoderamento nem gratificações e nem milagres. A resposta de um feitiço se encontra nisso. Essa é a primeira magia a ser feita.

Não tome algo externo como verdade. A verdade é passageira, fragmentada, individual e limitada, não se apegue a verdade. A grande e verdadeira verdade reside na fusão de todas as verdades que cabe dentro de todos os seres vivos animados e inanimados existentes em todo o Universo. Nós aqui na Terra podemos trabalhar a princípio com 3 verdades, a minha, a sua, e a verdadeira verdade!

Tomemos como exemplo extremo, uma mãe e pai que abusam de seus filhos sexualmente ou com violência. Como um elogio pode ser composto em tais condições extremas?

Exemplo:

“Oh, Útero divino/Caverna sem defeitos de Deus/ Escondido dentro da carne da decadência/ tu foste um abrigo para meu habitar/ Por teu útero eu te saúdo xxxx e eu louvo os poderes divinos que fizeram teu útero a minha primeira casa.”

Quando somos iniciados somos gerados de alguém. O sentido é o mesmo! Entendedores entenderão! Sábios saberão! Aqui, nisso, inclusive, regras de juramentos criadas pelo homem são restauradas sob os auspícios de Lúcifer!
Resolvam-se, curem-se! Ambos os lados!

Eu não vou me estender sobre a questão do Katharmoi, vou deixar isso para outro artigo.

Assumam que todas as pessoas nascem boas e abençoadas em condições viciosas da matéria.

O que quer que venha depois pode trazer o alinhamento para dentro ou para fora da condição do despertar luminoso da condição humana pré-destinada. Você não é seus pais. A maldade não reside em você, é por isso que você perdoa, aprende, ilumina e soma, não subtrai.

É ensinado na tradição Luciferiana de Stregoneria de que assim como a humanidade evolui (lenta e dolorosamente), da mesma forma Lord Lumiel passa por fases de redenção. Para ajudar neste processo, ele e seus leais anjos guiam e ensinam humanos selecionados que são simpatizantes da sua mensagem. O Portador da Luz também toma periodicamente formas humanas e encarna na Terra como um avatar, para acelerar a evolução da raça humana. Isto está simbolicamente refletido no antigo mito do “rei divino”, tão amado pelos modernos pagãos, como na tradição da Strega!

Os leigos se referem ao papel de Lúcifer como um adversário do gênero humano. Novamente, isto é um conceito aberto à incompreensão feita por aqueles que possuem nem tão discretas intenções de enegrecer o nome do arcanjo rebelde. A definição da palavra no dicionário é 'oponente, antagonista, inimigo' e é ligada ao significado adverso de 'expressando oposição ou antítese'. Lord Lumiel não é o inimigo dos humanos, mas naquele contexto específico ele é o adversário de Yahweh. Pela recusa de curvar-se ao ser humano mortal porque ele (Lumiel) era angelical e um 'Filho de Deus', ele se opôs ao desejo de um deus tirânico do Velho Testamento, e deste modo, se tornou um inimigo da ordem cósmica. Na tradição da Strega, Lord Lumiel, como o adversário ou oponente, é visto de um modo totalmente diferente. Ele desafia os preconceitos, a ignorância e falsas crenças dos homens e mulheres, para que assim eles possam literalmente, ver a luz. Portanto o Portador da Luz guia os indivíduos ao caminho da gnose sem a intervenção de um sacerdócio. No culto de bruxaria medieval isto era simbolicamente representado pela tocha incandescente entre os chifres do Bode do Sabá.

De igual forma, você não pode deixar de chamar sua mãe, de mãe, você não pode deixar de chamar seu iniciador, de Mestre, e esse entendimento vem desde antes da queda porque linhagem e DNA espiritual não se compra por carismas ou dinheiro e sim é fruto do grande ato sexual feito ordália dos Antigos! Você não pode deixar de chamar a deusa Mãe, de sua Deusa Mãe, até porque, todo mundo nasce de UMA!

Uma vez empoderados desse conhecimento e sabedoria, sejam felizes para sempre!

Possam as bênçãos dos fios de Ariadne trazer você de volta de lá onde reside o labirinto do Minotauro!

E por último, ainda bem que Eva mordeu a maçã! Louvada seja!

Por Lord Sett.


quarta-feira, 8 de julho de 2015

A Marca de Caim - Um estudo sobre o exílio



artefato da coleção do autor
Todos os exilados vivem o mito de Caim. Viver o mito de Caim é uma grande forma de se manter agradecido pelas próprias conquistas. Em outras palavras, é um amadurecimento infindável.

Se Deus respeita ou não essa epopeia de Caim, foi Ele quem deu causa, ou não haveria nada para agradecer, portanto Deus é culpado. Todos os demais, veneram e respeitam aqueles que vivem o mito de Caim, pois é uma grande honra. Digo isso porque algumas pessoas interpretam o exílio como um castigo ou punição a ser aplicados, estão enganados.

Quaisquer que sejam as interpretações históricas da bíblia sobre o assunto, em Gênesis 4, 1-24, todas estão sob um paradigma conveniente para ilusão, com alguma ressalva, senão vejamos:

O drama descrito no capítulo supracitado, não exclui a existência dos acontecimentos, porém significa dar-lhe uma dimensão que ultrapassa sua contingência e, mesmo que os acontecimentos não tenham acontecido exatamente como a bíblia menciona, não podemos deixar de notar os signos apresentados e a grande lição que a história exerce sob os filhos de Caim, haja vista que em Le jour de Cain (Paris, 1967), Luc Estang viu na narrativa algo a mais além das entrelinhas e nos faz pensar.

De acordo com o próprio Gênesis, Caim foi o primeiro homem nascido do homem e da mulher, e foi o primeiro lavrador, o primeiro agricultor, e primeiro sacrificador, cuja oferenda não foi aceita por Deus, foi o primeiro assassino, o primeiro revelador da morte pois jamais teria sido visto antes do seu fratricídio, o rosto de um homem morto, e por tanto, foi o primeiro feiticeiro e construtor. Como homem do campo, Caim foi um verdadeiro pagão no sentido literal.

Após a recusa de sua oferenda, ele partiu a procura de uma terra fértil para desbravar os mistérios da fertilidade e das plantações, assim, ele também foi o primeiro errante, o primeiro cigano, e se tornou o primeiro construtor de cidade. Sua importância é total em algumas vertentes de bruxaria tradicional, contudo, as lições apresentadas na história bíblica de Caim haviam sido registradas no mundo pagão, como no caso latino de Remo e Rômulo, bem como Karna e Arjuna no episódio Hindu, e entre Thórólfr ou Ásgerr e Egil nórdicos, e ainda, no antigo testamento, dizem alguns pesquisadores, alegam a ver alguma analogia com Esaú e Jacó. Essas histórias sobre fratricídios são temas de grande discussão no direito penal estudados na faculdade, e são de conhecimento de qualquer advogado.

Assim, as diferenças entre os pastores e lavradores continuam até hoje sob o disfarce cristão X pagão, portanto esse tema de disparidades de vontades e crenças sempre foi regido por códigos religiosos que ditavam a “ética divina” e é bem antigo.

O prélio entre pastores e lavradores também foi tema de aprendizados esotéricos. Se voltarmos no tempo a história mítica revela disputas e fatos entre irmãos e fratricídios muito comuns, como no mito histórico entre os egípcios Seth e Osíris, ou antes disso entre Tamuz e Enkidu sumerianos, os quais os hebreus herdaram os ensinamentos e alguns costumes culturais e religiosos, razão pela qual pode ter surgido o mito de Caim e Abel, totalmente baseado nos mitos Sumerianos.

Ainda temos de considerar que, a bíblia pode ter omitido, mas o primeiro livro de Adão e Eva nos revela que Abel, depois da sua morte reencarnou como o terceiro filho do casal cujo nome era Seti (também grafado como Seth e/ou Sett).

Mas Caim foi marcado por Deus durante o desentendimento que gerou o seu exílio. Deus colocou uma marca em Caim, a fim de que ele não fosse morto por quem o encontrasse.

Nesse contexto, Caim foi também o primeiro homem a se retirar da presença de Jeová e partir, numa infinita caminhada em direção ao Sol levante.

A aventura é de uma grandeza inigualável, sendo a aventura do homem entregue a si mesmo, aquele que não espera as coisas caírem do céu. Isso simboliza que Caim faz suas escolhas, tornando-se deus de si mesmo, assumindo todos os riscos da existência e todas as consequências de seus atos. Caim é o símbolo da responsabilidade humana e é o símbolo nato dos feiticeiros de memória judaico-cristã.

Da mesma maneira que o significado do nome Abel é Vaidade (Barro), o nome Caim significa Posse (dono de si, ter posse sobre si mesmo, escolha-livre arbítrio, aquele que não aceita dogmas).

No simbolismo animal Abel é a ovelha e Caim é o bode, mais uma vez o masculino e feminino interagem. Sua mãe o chamou de Caim porque ele foi a sua primeira aquisição. Alguns mitos dizem que Samael copulou com Eva e nasceu Caim. Samael teria incorporado ou se passado por Adão a fim de possui-la. Outros mitos dizem o contrário, sendo Eva possuída por Lilith e esta teria copulado com Adão, ficando por cima dele e mostrando a supremacia da mulher sobre o homem. De qualquer forma O Espírito pode muito bem possuir tanto homens quanto mulheres e, seria uma arrogância alegar que Lilith só “entra” nas mulheres ou que só as mulheres são vaso Dela. Eva foi criada da costela de Adão e de qualquer forma ambos dependem um do outro e não há razão para discutirmos quem é superior e quem não, pois em igual modo Ambos tiveram sua criação pelas mãos Divinas, não importando qual material foi usado por Deus na criação, pois o importante aqui é a linhagem espiritual de Caim, a linhagem que se fez sangue, que se fez carne e que transcendeu a própria carne.

Uma breve explicação vem informar que Lilith é o verdadeiro Espírito Santo, e essa informação foi omitida pela igreja por muitos séculos. Isso equivale dizer que Caim é descendente legítimo do Espírito Santo, enquanto Abel foi feito somente da carne do homem e da mulher e por isso ele é o Barro, já que não possui espírito. [o pronome possessivo não é puramente ilustrativo].

Deus criou Adão do barro, ele era uma espécie de zumbi até conhecer a maçã. Só depois de comer a maçã é que ele teve seu corpo habitado por um espírito, já que a partir desse ponto é que ele pode morrer, antes disso ele era uma espécie de lama. Percebe-se aqui o tema esotérico revelado.

Adão teria dado a mordida na maçã que Eva lhe ofereceu e em seguida ele fez amor com ela. Parece que Eva não comeu a maçã, pelo menos não antes de Caim nascer e esse é um tema confuso. Eva foi comer a maçã depois que Abel morreu e foi assim que seu terceiro filho se tornou Seth. Assim sendo, Seth é a reencarnação de Abel, é o livramento do barro para a chegada do homem de espírito.  

“Tu me tiveste segundo o desejo e com a assistência divina”, diz Caim à sua mãe. [...] ...Muito cedo compreendi que ele em nada me ajudaria, e que eu não poderia contar senão com minha própria vontade. A maçã é a vontade. A maçã que a serpente seduziu Eva para dá-la de comer à Adão. O tema da maçã já era conhecido em Avalon pelos pagãos. Uma curiosidade conhecida por todo pagão é que o verdadeiro nome da Maçã é Malus sieversii, havendo diversas variedades de Malus. O mundo latino mudou de Malus para Mala porque a palavra Malus era da mesma ordem etimológica para se referir ao mau e a maçã em tempo igual. Tanto o fato se confundiu em alguns textos antigos, pelo qual a maçã e a romã foram igualmente confundidas pelos autores.

Outra curiosidade esotérica é que todos os médiuns (que sofre possessão por transe) são considerados filhos de Caim, porque Caim significa posse-possessão), sendo assim todos os médiuns são feiticeiros e bruxos, independente de tradição transmitida via horizontal (de pessoa para pessoa). Alguns autores afirmam que a marca que Deus colocou em Caim é o próprio dom mediúnico.

Independente do tema de Caim ter cunho judaico, a mítica é a mesma só que teve nascedouro mais antigo, o assunto é sempre o mesmo desde a velha Suméria. Não foi à toa que o tema da descida da Deusa “Inanna” ao mundo subterrâneo sobreviveu até os dias de hoje, e vale lembrar que esse tema também foi promulgado e usado por Gerald Gardner durante a construção de sua religião que contém bruxaria. Como podem ver, os mitos Sumerianos estiveram bem vivos entre todas as épocas e foram usados para os mais diversos propósitos religiosos.

artefato da coleção do autor
Se você parar para analisar, vai ver que o tema de agricultura e fertilidade está sempre presente, assim como o tema de nascimento, morte e renascimento (ou reencarnação) estão igualmente. Para toda religião, culto, seita ou tradição espiritual há um crédito maior de poder no mundo espiritual, ou seja, o tema do poder divino. É por isso que não cabe acreditar que tudo acaba quando morremos, uma vez que se acredita (dar-se crédito) que existe um Deus que mora num mundo espiritual de onde viemos e pra onde voltaremos. Aqui o tema se liga ao eterno ciclo morte-renascimento, sendo que, em algumas irmandades bruxas, ensina-se que em vida devemos aprender a sermos mais virtuosos e nos livrar dos vícios, do barro, a fim de subirmos as escadas pra lá de onde caímos, o céu, o paraíso, a montanha dos vitoriosos, o castelo da dama Fortuna, em fim, chame-o como quiser. O tema da queda de Lúcifer (O anjo Portador da Luz) refere-se ao tema da reencarnação, onde nosso espírito teria caiu do Céu e reencarnou (tomou carne-forma física-matéria) aqui na Terra.

Mas Caim não pode morrer, diz os textos sagrados, isso equivale dizer que ele não pode sofrer a verdadeira morte, aquela que “acaba” com tudo pra sempre e por isso é condenado à voltar a vida (reencarnação). Sendo assim tomamos a morte como uma mera passagem de ida e volta, não menos importante na trama divina.

Caim é do espírito eterno e as longas viagens desse espírito é um subir e descer e subir novamente entre o céu e a terra.

Em Luc Estang, 88, Caim diz a sua mãe: “Sabeis que eu tive de conquistar por mim mesmo tudo o que vós me atribuís: o ardor e a rudeza, a força e a obstinação”.

O que Caim desejou foi acrescentar à terra de Deus, o fruto do trabalho do homem, a fim de ser verdadeiramente o senhor de seus atos, ele diz: “sonhei em reconciliar a terra com Deus”. Mas parece que até hoje Deus virou as costas e não está nem ai pra ele.

Caim seguiu desejando construir uma cidade que seria uma manifestação ainda melhor dos feitos humanos do que a terra cultivada. “Eu via a cidade como uma outra lavoura, como uma outra semeadura, como uma nova messe”. Dessa forma o trabalho dos bruxos não acaba nunca, sempre há uma nova semeadura, ciclo sem fim, ou pelo menos não até conciliar a terra com Deus, e Ele aceitar a reconciliação.

É como um despertar da terra fora de si mesma, Caim faz o trabalho do despertar de sua elevação vertical à imagem do homem, pelo homem, que assim estabelecia sua própria soberania. Suas muralhas teriam circunscrito o espaço onde ele nada esperava de Deus. Em verdade, Deus não tinha poder na cidade de Caim, ou pelo menos não exercia influência ali.

A cidade, prolegômeno, em princípio, de quase todo futuro ateísmo, digo quase pois se não houvesse o politeísmo, outros deuses, outras religiões, outras culturas, etc, seria total o ateísmo.

É interessante saber que o gnosticismo possui uma mítica sobre como Deus se tornou Deus. Saclas seria seu nome enquanto “O Demiurgo” e ele era filho de Sophia. Tendo nascido defeituoso, foi lançado para longe dos deuses do Primórdio, no espaço onde se viu sozinho, sem seu par perfeito, resolveu criar o que conhecemos como ordem natural da vida, mas nem todos os seres humanos possuem espíritos da etnia de Saclas. Alguns possuem etnia espiritual da família de Lilith, os quais remontam o tema dos Guardiões, os Nephilins, os quadrantes da terra e sua família de deuses mais antigos, como no caso de Caim e seus descendentes.

Dessa maneira o ciclo vida e morte foi dado aos humanos de todas as descendências espirituais, sendo forçados a conviverem juntos num único planeta, evoluindo ou não, progredindo ou não, foram forçados a subir e descer num ciclo sem fim até atingir um nível onde não seria mais preciso reencarnar, em outras palavras, o tema da queda perderia importância.

Talvez esse seja o único ponto onde não usamos o livre arbítrio, uma vez que, desde nossa criação, nos foi imposto esse ciclo, esse vai e vem. Ao fundir-se com um deus, você se torna um deus novo com seu par perfeito. O tema não é novo, cada estrela no universo é um Sol e cada Sol possui sua própria galáxia.

No mundo ordinário, não nos foi permitido transitar “ainda” entre uma galáxia e outra, porque a NASA ainda não descobriu um método para isso. Se um dia isso for possível, saberemos se há realmente vidas como as que conhecemos, em outros lugares do espaço, mas por ora, limitemos à nossa Terra-Mãe, à nossa Lua e ao nosso Pai Sol.

Voltando ao tema de Caim, Deus não aceitava de bom grado os sacrifícios do lavrador e desse sonhador de cidades. E Caim não podia aceitar ser o mal-amado de Deus. Estava pronto para qualquer renúncia, se ele, de início, aceitasse. Por pouco amável que fosse, era dessa maneira que importava à Caim em ser amado. Mas Deus não recompensava seu escarniçado trabalho.

O que Caim deplorava, não era o fato de Abel ter tantas vantagens, mas sim o fato de Caim não ter nenhuma!

Então Caim se revoltou por todos nós, por todos aqueles que não aceitam o mistério da predestinação. Esse papo de que nascemos predestinados, as crenças limitadoras e falsas que temos sobre nós mesmos, a predestinação que divide os homens em rejeitados e eleitos, todos aqueles que não compreendem o desprezo de Deus pelas grandezas terrenas e sua predileção pelos humildes.

De tal modo, Caim orgulhoso de si, afirmou seu próprio valor, seu esforço, sua autoestima e renunciou a Deus, e é a partir daqui que começa o seu exílio.

Caim partiu na condição de errante junto com os seus pares, como quem parte em busca de um futuro a ser indefinidamente construído. Diz Caim: “Partiremos para o deserto dos homens, e que os homens, inumeravelmente, povoarão. Nós nos guiaremos pela aurora sempre renovada... E será por não nos determos em parte alguma que estaremos sempre em toda parte. Nossa vida errante nos permitirá medir a terra e, ao mesmo tempo, nós a edificaremos”.

artefato da coleção do autor
Caim parte, em busca do devenir do homem fora da presença de Jeová. Entretanto, foi-lhe preciso matar o irmão (o aspecto do barro em si mesmo) e precipitar a hora da morte. A fim de liberar-se, chegou ao extremo do crime. A verdadeira morte vem a ser aquela em que se é obrigado a dormir sem jamais poder despertar. Ele impôs brutalmente, diante dos olhos da primeira das mães-do-barro: Temor antigo, castigo misterioso, ó morte! Eis-te pois revelada! Tens o rosto de todos nós, sob a máscara de Abel, e por tua causa nós não nos diferenciamos dos animais.

No sentir de Adão e Eva, a morte é o último fruto da árvore da sabedoria; diante dos despojos de Abel, Adão exclamou: Aqui, neste instante, nós esgotamos o sabor ao fruto da sabedoria; mais do que nunca ele é amargo. Entretanto, ele diz a Eva: Fomos nós que transmitimos o gérmen da morte ao corpo de Abel. Eva então replica no auge de sua revolta: Ah! É como se ele tivesse aberto em mim uma brecha: meus filhos jamais terminarão de matar-se uns aos outros. Todavia, Temec, procurando justificar seu marido Caim, diz: Que triunfe a vida, ainda que o preço seja a morte.

É verdade que a morte inelutavelmente haveria de sobrevir, porquanto era o castigo do pecado original.

O erro de Caim, foi na realidade, ter-se adiantado aos desígnios de Jeová. Ele acrescentou novo mal ao mal cujo castigo é a morte. Caim foi o iniciador da morte e ele mesmo não poderia morrer.

Desde então, sobre a fronte de Caim, e de todo homem, todos poderão ler: Perigo de morte! Embora devam notar nessa advertência, o signo protetor que designa a criatura divina, não um estigma infamante, eis a marca dos bruxos.

O signo que me reprova me protege, diz Caim. Na verdade, o Deus concede-me a graça de que meu crime intimide os vingadores, porque o crime deles contra mim terá de ser expiado sete vezes!

Desde então o corpo passou ao pó e o espírito passou aos céus. O homem passou então a não afrontar nada mais de Deus a não ser a sua ausência. Resta-lhe, porém, sua própria presença de homem a afrontar, como relembrou Temec, a impiedosa esposa: Tua própria presença, Caim! Doravante, na sucessão dos homens: Caim presente em cada um deles. No espelho de sua consciência, todo homem refletirá os traços de um Caim.

Como disse Adão: Meu filho Caim é essa segunda parte de mim mesmo, que não acabava mais de se projetar. Vós, que o seguis, sabei-o: sois o enxame de minhas ilusões.

Nesse sentido, encontramos forçosamente uma comparação na tradição grega, pensado para ter equivalência grega do desejo de Caim em Prometeu, que desejou conquistar para a humanidade um poder divino; liberá-la de uma dependência total, atribuindo-lhe o fogo, princípio de todas as mutações futuras, quer seja o fogo do espírito, quer seja o fogo da matéria. Tal como Prometeu, Caim é o símbolo do homem que reivindica sua parte na obra da criação.

Por Seth Ben Qayin