sábado, 3 de abril de 2021

EM DEFESA DE UMA MORTA – MADAME BLAVATSKY

 

 

Nós bruxos respeitamos muito os mortos e ancestrais, bem como nossas linhagens horizontais e verticais e, achamos por bem dar esse arquétipo aos acéfalos que estão desprovidos de reverencia e respeito para com a diversidade intelectual, esotérica, religiosa e espiritual.

Se fossemos dar credito a uma acusação toda vez que alguém se levanta para tal, não seríamos quem somos. A história da criminologia está recheada de gente poderosa politicamente, cometendo injustiças com as próprias mãos enquanto se vale da lei do mais forte. Mas a justiça nem sempre está do lado do mais forte porque força não é sinônimo de justo, quicá de “músculo intelectual”. Seria preciso citar a disciplina de Cifra Negra para provar que TODOS de alguma forma comente algum tipo de crime (mesmo que invisível se pareça)? Ninguém está acima do Sol e Nemesis. Até mesmo os mais virtuosos possuem falhas. É por isso que a palavra "Perfeito" signifca "para ser feito", trata-se de um trabalho constante de vigília, autocorreção e forja do caráter.

Ultimamente tem-se balizado em meios esotéricos uma acusação universalmente infundada acerca da integridade de Elena Petrovna Blavatskaya.

Nós que não somos adeptos das doutrinas aderentes dessa ilustre escritora, no entanto, lemos e estudamos suas obras como qualquer outro livro de pesquisa e, constatamos que qualquer pessoa sem erudição é capaz em uma simples investigação, valer-se do processo indutivo e também do contraste e análise da vida, caráter e comportamento dessa mulher ímpar.

A conclusão de que o embuste de tal acusação não passa de uma perseguição esfaimada e difamatória por parte de um espírito obcecadamente destinado a destruir a imagem dessa douta senhora é simples de se comprovar e somente os moucos acreditam na falácia engendrada por esse espírito de sobrenome Emmete.

Elena deixou inúmeras provas atestando que o material produzido era realmente dela, tais como inúmeras cartas com coautores de filosofias diversas, bem como orientadores e mestres numa época em que as ideias semelhantes foram desenvolvidas, anotações e versões inacabadas, pessoas do seu dia-dia que foram testemunhas vivas dos inúmeros desabafos e reflexões acerca dos mistérios compreendidos por ela oriundos de professores, registros de diários os quais se apresentam sendo de sua autoria, pois revelam a evolução do raciocínio construído, inclusive registros de pensamentos por parte de tradições orais que ela recebeu e que anotou para compor e organizar posteriormente seus pensamentos e suas obras. Não há nada de novo debaixo do Sol, tudo é ensinado e transmitido, moldado, copiado, anotado, e principalmente, quando se trata de uma tradição recebida costuma-se passar ela para frente do jeito em que recebeu, inclusive as lições, verbetes, anunciados, orações, expressões, etc. Se isso é plágio então todas as religiões do mundo se plagiaram umas nas outras.

Para encabeçar, se ela plagiou, então podemos afirmar de igual forma que o Catolicismo plagiou a cultura espiitual etrusca e a ideia do pecado que já estava registrado nas 42 leis de Maat no antigo Egito, ou ainda, podemos afirmar que o Candomblé plagiou a antiga cultura Semítica dando cara nova a ela. O plagio teria então ocorrido através de seus autores orais. Pois bem, sabemos que não se trata de plágio em nenhum dos casos, inclusive no caso da Elena, até porque, é fato notório que em se tratando de misterios antigos e esoterismos todos os livros antigos a que se possa ter consulta não resta autor, mas sim um nome que representa diversos autores, como no caso de Hermes Trimegistro, figura que nunca existiu, mas que é ponto chave em todos os compêndios hermeticamente construídos para iniciados, não para as massas. Blavatsky não era racista nem fascista muito menos nazista. Ela tinha amigos de todas as culturas, cores e tradições religiosas/espirituais. Suas atas, suas cartas e imagens ao lado dessas pessoas estão expostas na internet e não nos cabe mostrar aqui, bastando uma rápida consulta se acha esses documentos tanto na internet em inglês quanto em qualquer língua e país. Sua filosofia esotérica a respeito das origens do ser humano partilha integralmente com o pensamento tradicional das diferenças de espíritos, não de cor da pele. Esse mistério só pode ser compreendido dentro de um contexto iniciático, não fora dele, até porque, existe um antes e um depois a ser treinado para a correta compreensão dos termos e dos mistérios. Esse assunto não pode nem deve ser julgado por não-iniciados e isso deve ser respeitado.

Em outras palavras, para quem conhece suas obras e sua vida a fundo mais do que eu, não gastará muito tempo para desmascarar as acusações de plágio oferecidas por William Coleman Emmette, o espírito obsessor.

Primeiramente só há que se falar em plágio quando se pretende receber indenização ou por força das regras da sociedade e da lei dar oportunidade para que se corrija a obra. Em nenhum caso se verifica a oportunidade de trazer um morto de volta a vida para que tal ato se cumpra. Em segundo lugar é pouco ou quase nada virtuoso acusar uma morta que não está aqui para se defender. Tal acusação é pura falta de respeito para com os mortos e de um mal caratismo sem tamanho.

Entretanto, vamos demostrar aqui algumas fontes de seus escritos, bem como os objetivos dessa mulher erudita que deixou um legado riquíssimo à sua posteridade, removendo por completo as acusações oriundas do reverendíssimo besta, também conhecido como amigo do alheio, insidioso e mouco.

Madame Blavatsky como ficou conhecida tinha o objetivo de estudar e pesquisar para compreender e desvendar os mistérios por trás da sabedoria. Ela não era obstinada a criar uma religião como Kardec foi, então demonstra-se pouco provável que ela tenha plagiado Alan Kardec e outros autores.

Sua acirrada pesquisa se deu em todos os lugares por onde ela viajou, diferente de Kardec que quase não explorou o mundo em campanhas de pesquisas. Realizou contrastes de pensamentos, evoluindo seus aprendizados e claramente sua intenção era deixar registros para serem consultados pelo mundo ocidental.

Kardec tinha um dom mediúnico e outra linha de raciocínio mediúnica, bem diferentes dos dons mediúnicos da autora, mas ainda assim mediúnicos, portanto as trocas de leituras eram equidistantes e equivalentes à matéria mediúnica onde ambos “canalizavam” sem autores. Isso se soma tanto em predominância quanto em contrapartida filosófica numa época onde autores desse dom eram raros e poucas referências bibliográficas de espiritismo haviam para serem consultadas por ambas as partes, portanto, coisa comum entre dois ilustres médiuns que viveram quase na mesma época, e que tinham total liberdade para adotar os pensamentos uns dos outros, se é que isso ocorreu, haja vista que não passam de especulações.

Blavatsky contribuiu com o sagrado feminino. Revelou segredos que o kardecismo nunca apresentou.

A produção literária da autora é invejada até hoje e por isso mesmo causa os vários objetos de críticas. Madame Blavatsky teve contato e amizade com Albert Rawson, Paolos Metamon, Morya, Herrick, Penn, Newman, Kut Humí, também com o cabalista polonês Max Théon, entre outros nomes ilustres da época. Ela nunca afirmou ser dona de todos os pensamentos que ela demonstrou em suas obras, mas se alguém ainda quiser fontes, basta saber com quem ela andava e o que ela leu. As principais fontes de interesse dela foram os mistérios gregos, coptas e drusos (com escolas mistéricas de ensinamentos bem mais profundos, tradicionais e mais interessantes que o Kardecismo).

Ela reuniu um compendio de ensinamentos e viajou para o Oriente Médio, estudou com os Hindus e brâmanes, viajou para os Balcãs, Grécia, Egito, Síria, Florença, Constantinopla, Tibete, Chipre, permaneceu um tempo no mosteiro de Tashi lhunpo em Shigatse, a sede do Panchen Lama, foi para Transilvânia, Sérvia, se reuniu com os Carbonaros da Itália, e até mesmo apoiou as tropas de Giuseppe Garibaldi entre outras coisas. Ela buscou conhecimento. Ela deixou um legado que ela reuniu.

Em 1872 ela fundou a société Spirite, a qual incentivava médiuns espíritas apoiando a causa de Allan Kardec, (e não contra ele) e, essa experiência para ela foi tão frustrante que ela logo abandonou a ideia de apoiar a causa como foi revelado nas cartas da família onde ela demonstra estar desolada com os participantes desse grupo, dentre os quais alguns fingiam ser médiuns, enquanto outros eram alcoótras, ladrões e afins. Como o grupo não prosperou com os objetivos do início, ela retornou em julho de 1872 para Odessa e, na primavera de 1873 o seu mestre a instruiu viajar para Paris e depois para Nova Iorque.

Eu não vejo nada de Kardecismo nos ensinamentos da Madame, somente vejo ciência, religião (que contem rituais do tipo casamento) e filosofia, também vejo filosofia oculta e práticas de mistérios antigos, senão vejamos:

 

“A existência de um Princípio onipresente, eterno, ilimitado, imutável, insondável, impenetrável à razão humana e além do próprio âmbito do pensamento. É a realidade absoluta que existe antes e além de toda manifestação, é a causa eterna de todas as coisas, sua fonte e destino último. Este Princípio, que os gregos chamavam de Logos, os ocidentais chamam de Deus e os hindus de Parabrahman, não possui atributos e não pode ser descrito de qualquer maneira concebível; é a Causa sem Causa, o Absoluto da metafísica. A primeira manifestação objetiva desse Absoluto é uma dualidade: Espírito (Purusha para os hindus) e Matéria (Prakriti para os hindus), que juntos formam a base de todo o ser condicionado. São apenas aspectos do Absoluto, e não realidades independentes, e em relacionando-se com a sua fonte formam a primeira Trindade, que antecede o cosmos e é a inteligência-consciência que guia toda expressão objetiva ulterior. Na relação entre Espírito e Matéria aparece outro elemento, Fohat, ou Segundo Logos, que é a própria Vida, uma energia dinâmica pela qual a ideação espiritual se imprime na matriz substancial sob a forma de leis da natureza. Consequentemente, do Espírito ou ideação cósmica procede a Mônada humana, e da Matéria ou matriz substancial emergem todos os corpos manifestos onde a inteligência única se individualiza e pluraliza”.

As fontes de seus escritos são lições embutidas nisso:

Na Gnose, com as obras de Simão Mago; no Misticismo, na Magia e Alquimia medievais e renascentistas de Paracelso, Jacob Boehme, Mestre Eckhart, Van Helmont e Robert Fludd; o Hinduísmo com suas várias escolas, destacando-se as obras clássicas dos Vedas, os Upanishads e o Bhagavad-Gita; o Budismo Mahayana; na Cabala, especialmente através de Eliphas Levi; a Maçonaria; o Espiritismo; as mitologias de todo o mundo; a literatura patrística de Justino, Ireneu de Lyon, Tertuliano, Eusébio; a produção científica de seu tempo; Platão e os Neoplatônicos Orígenes, Porfírio, Plotino, Amônio Sacas; os clássicos como Plínio, Ovídio, Homero e Josefo; os Herméticos; os Rosacruzes; o Zoroastrianismo; a tradição caldéia; a literatura judaico-cristã incluindo a Bíblia, o Zohar e o Talmude; a tradição árabe-sufi, entre tantas outras referências.

Até mesmo Carl Jung disse que ela foi o profeta da reorientação espiritual do ocidente.

Enquanto Ellwood & Partin vêem a contribuição de Blavatsky como de grande importância na restauração da dignidade da herança espiritual dos povos colonizados da Ásia durante o século XIX;

Catherine Albanese disse que o vocabulário técnico e a interpretação peculiar das doutrinas asiáticas que Blavatsky apresentou deram as bases para o desenvolvimento de todo o sistema de pensamento metafísico na América do Norte, um fundamento que continua válido até os dias de hoje e influencia também os pensadores asiáticos e europeus modernos;

Ellwood & Wessinger dizem que ela fortaleceu significativamente o movimento feminista, legitimando a atuação pública e a liderança das mulheres na sociedade e não fazendo distinções valorativas de gênero;

Olav Hammer acredita que mesmo que as escolas herdeiras da Teosofia de Blavatsky tenham se revelado muitas vezes inconsistentes e sem um sistema realmente integrado ou lógico de pensamento, e que a própria Teosofia original também tenha falhas nesse aspecto, seu legado é importante para a pós-modernidade em vista da apropriação da alteridade exótica para formar um corpo de conceitos identitários coletivos, e se revelou útil para a Psicologia na dissolução das barreiras do ego privado em benefício de uma visão de integração social e respeito à pluralidade, evitando ao mesmo tempo as armadilhas do relativismo niilista ao afirmar a fraternidade da humanidade, a unidade essencial de todo o universo e sua evolução positiva.

Luís Pellegrini afirma que ela foi uma pioneira no estudo científico moderno das inter-relações entre matéria e energia, postulando vários conceitos em que apresentava a possibilidade da divisão do átomo, descrevendo o processo de liberação de energia concomitante, e alertando ao mesmo tempo para os perigos que a manipulação da estrutura da matéria acarretava, isso décadas antes das primeiras bombas atômicas explodirem em Hiroshima e Nagasaki.

Também antecipou ideias sobre a Física Relativística e a Astrofísica ao tratar da teoria dos campos de força, tanto cósmicos como infra-atômicos, ao sugerir uma hipótese semelhante à do Big-bang para a criação do universo e descrevendo corretamente o processo de formação de estrelas a partir de nebulosas.

Nandy & Visvanathan lembram que ela anteviu as possibilidades da Psicologia e da Psicossomática dizendo que os médicos de seu tempo perdiam tempo em buscar a origem das doenças exclusivamente no corpo físico, e que o segredo da Medicina estava na compreensão do funcionamento da mente e das suas relações com o corpo.

Anna Lemkow a aponta como a primeira ocidental a dizer que a matéria não é coisa morta e inerte, como a pioneira do estudo da Biologia dentro de uma perspectiva cosmológica e a precursora da teoria moderna do Design Inteligente e do Movimento Holístico.

Talbot Mundy em 1926, então uma espécie de decano dos escritores de literatura orientalizante, disse:

“É absolutamente garantido dizer que todos os críticos de Madame Blavatsky, não esquecendo nenhum deles, por mais inteligentes que sejam, mesmo se trabalhassem todas as suas vidas e aplicassem todos os seus esforços e inteligência, não seriam capazes de produzir uma obra-prima como A Doutrina Secreta”

Pois é, quem somos nós na fila do pão?

Por fim, ela mesma escreve:

“Fiz apenas um ramalhete de flores do Oriente, e não acrescentei nada meu senão o laço que as amarra. Alguns dos meus amigos poderão dizer que não paguei todo o preço por esse laço? - Helena Blavatsky, Ísis sem Véu, vol. I, p. 42

Sérgio Luís de Carvalho, escritor Português conta, que a palavra aberrante (anormal) vem do latim aberratio e, entre os romanos designava quem andava sem destino. Podemos considerar que as acusações contra Blavatsky foram elaboradas por um aberratio que nutria invídia pela escritora, uma vez que ela criou seu próprio destino.

As acusações de William Coleman Emmette foram verificadas e, estão expostas também na internet para qualquer exímio consulente que se preze pesquisar. As conclusões de William foram contestadas como mal documentadas e tendenciosas, incluindo a alegação de sua titulação acadêmica restou ser falsa.

Por tanto, a apreciação das acusações feitas por esse Onagro não merece prosperar em quaisquer apontamentos, haja vista que partiram de uma mente cuja personalidade sevandija desmerece respeito ou admiração.

Sett. 

 

 


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