terça-feira, 3 de março de 2015

Qual a sua graça?


As Três Graças por Carle Van Loo.

Essa pergunta foi empregada para perguntar o nome de alguém. Mas o que apontamos aqui é a Gratia latina. Agradecido de graça, muito obrigado!
Não se paga pelo que a natureza nos dá. É um dom gratuito dado pelo divino para conceder sua salvação e suprir sua existência.

Se você relembrar as Graças, as deusas do banquete, concórdia, encanto e gratidão, prosperidade familiar e sorte, irá se dar conta de qual beleza sua vida é feita.
Esse dom está na sua beleza interna. Convido você leitor a dar um mergulho em si, nas suas profundezas, hoje mesmo.
Mas para isso terá de usar da mais pura sinceridade consigo mesmo, sem ser condescendente.
Quase todo mundo nega seu desdouro não é mesmo? Mas a beleza externa grita com berros em eco.

Principalmente na internet, todo mundo quer mostrar uma imagem de impacto, sem se dar conta que a efígie está sendo fadada ao seu próprio ego.
Quando damos um stop na fealdade, quero dizer, quando deixamos de negá-la, também deixamos de negar nossa beleza, nossa graça interna.

Pois é, as coisas são assim.  Eu considero beleza e graça como iguais, pois são a mesma energia. Então temos a beleza e a feiura. Elas são vistas como dualidades, mas estão tão intimamente ligadas que beiram o mistério do Uno e poucos param pra observá-las.
Sempre há uma beleza numa pessoa que já está livre. Bruxas são feias e lindas a um só tempo.

De fato, manifestamos a beleza que negamos o tempo todo, que desconhecemos e assim deixamos de perceber e experimentar. Não falo apenas da beleza em potencial, mas sim da beleza efetiva que existe em cada um.
Uma dica é: faça uma oração para ver essa beleza em você, da mesma forma que você fará uma oração para ver sua feiura. Sem isso você não pode estar grato.

De repente, você irá notar não apenas uma, mas ambas juntas, sem a subtração uma da outra, você terá dado um passo fundamental no caminho da percepção realista da vida e você mesmo possibilitará interagir aquilo que agora o divide.

Quando se faz esse exercício simples de observação, você notará ambos os lados nos outros. Com o tempo você será capaz inclusive de perceber a intenção de cada pessoa somente pelo que ela expressa, seja com o olho, boca, cabelo, gestos etc.

Sempre foi possível ler uma pessoa tanto pelo que ela escreve, quanto pelo comportamento ou expressão.
Eu não estou falando de julgar as pessoas, mas sim lê-las na intuição e na realidade ordinária, sem sentenciá-las, mas aceitando-as como são. Esse é o primeiro passo para uma transformação.

O segredo dessa forma de autoconhecimento é uma das formas de dar um mergulho na sua sombra, mas não a única.
Quando você rejeita e nega completamente as pessoas cuja destrutividade você percebe, mal se dá conta de que está reagindo exatamente da mesma maneira como age com você mesmo.

Ou você reage emocionalmente à bondade e a beleza interior dessas pessoas, enxergando também o contrário, ou faz vista grossa ao seu lado feio e nunca conseguirá ler alguém como realmente é.
Note que uma pessoa rancorosa maltrata a si mesma.

Certamente o corpo reage estourando bolhas, manchas e outros sinais de doenças, mas as pessoas gostam de ir até a sala do médico e se entupir de medicações. Veja, a cura está dentro de cada um. Sua saúde pode mudar pra melhor com uma simples observação. Você irá notar o seu corpo responder com uma pele saudável, sem dores musculares e a aparência sempre jovial. Sabe aquelas pessoas que o tempo parece não passar? Elas conhecem esse segredo. Amham!! Aglaia! Você acaba de se lembrar de alguém que parece jovem e nunca envelhece né.

E o segredo disso é bem simples, não é mesmo?

A mesma diretriz intuitiva pode ser feita para guiar seu caminho. Exemplo: ao chegar em casa você se dá conta que a chave quebrou dentro da fechadura. Isso está bem claro, seus caminhos estão fechados. Simples assim.
As pessoas gostam de elaborar mistérios mil e viajar no esoterismo até dar uma resposta complicada que beira um mistério que nem ela mesma compreende. Não precisa nada disso. Troque imediatamente sua fechadura e chave e destranque seus caminhos.

Bem, quando não se pode captar a presença da dualidade em você mesmo, através dessa diretriz simples, também não se pode vê-la nos outros.
Isso institui consecutivos conflitos e lutas. Essa distorção e falta de consciência fazem com que você negue e adormeça a arte criadora em si.
Somente aceitando a dualidade é que você pode realmente transcendê-la.
Sua beleza agradece, essa é sua graça.  Ela é uma absolvição adornada de agradecimento. Abra seu coração e diga obrigado a tudo e a todos, diariamente e libere sua graça.

William Shakespeare conhecia esse segredo e a prova disso está em seu SONETO LXX, vamos ler?


“Se te censuram, não é teu defeito, 
Porque a injúria os mais belos pretende; 
Da graça o ornamento é vão, suspeito, 
Corvo a sujar o céu que mais esplende. 
Enquanto fores bom, a injúria prova 
Que tens valor, que o tempo te venera,
Pois o Verme na flor gozo renova, 
E em ti irrompe a mais pura primavera. 
Da infância os maus tempos pular soubeste, 
Vencendo o assalto ou do assalto distante; 
Mas não penses achar vantagem neste
Fado, que a inveja alarga, é incessante.
Se a ti nada demanda de suspeita,
És reino a que o coração se sujeita.”

Essa é a minha graça e a sua qual é?

Sett Ben Qayin










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